Teatro de Contêiner Mungunzá ocupa de forma irregular terreno na rua dos Protestantes destinado a habitação popular
Totó Parente - Secretário municipal de Cultura de São Paulo
Folha de S.Paulo
A Prefeitura de São Paulo não tem dúvidas de que a cultura é um forte instrumento para promover inclusão social, gerar emprego e renda, além de melhorar a qualidade de vida das pessoas que moram na nossa cidade. Exatamente por isso não paramos de investir nas mais variadas expressões artísticas e culturais que fazem de São Paulo a capital cultural da América Latina.
Os exemplos de atenção desta administração com a área cultural são muitos, a começar pelo pacote de 70 editais de fomento que lançamos no começo do ano e que somam R$ 319 milhões. A Virada Cultural 2025 foi a maior da história, com 21 palcos em todas as regiões da cidade e um público recorde de 4,7 milhões de pessoas. No audiovisual, faremos o maior programa de fomento da história, na casa de R$ 143 milhões. Setor que fez da nossa cidade palco de 1.137 produções só em 2024. E não vamos parar por aí.
Já está prevista a reabertura do Teatro João Caetano e a entrega da Casa de Cultura Cidade Ademar, com mais de R$ 20 milhões em investimento. E mais: no período de 2018 a 2025 houve um investimento de R$ 124 milhões por meio do Fomento ao Teatro, além de R$ 59 milhões através do Prêmio Zé Renato.
A imagem mostra um teatro localizado em uma área urbana. O edifício é de estrutura metálica e possui um telhado de duas águas. Na fachada, há uma placa com o nome do teatro, que é parcialmente visível. O local parece ter um espaço ao ar livre ao redor, com algumas árvores e um parque infantil próximo. O chão é coberto por pedras e há um telefone público vermelho na parte inferior direita da imagem.
Com relação ao Teatro de Contêiner Mungunzá, não foi diferente. De 2021 a 2025 ele recebeu mais de R$ 2,5 milhões em apoio financeiro da prefeitura.
A sua transferência de endereço faz parte de uma grande ação da Prefeitura de São Paulo, em conjunto com o governo do estado, de readequação e reurbanização de toda uma região degradada que precisa voltar para as mãos da população. O projeto prevê, naquele local, a construção de habitações populares que, além de reocupar a área, vão diminuir o déficit habitacional da cidade.
É preciso dizer que, desde 2016, aquela companhia de teatro ocupa de forma irregular o terreno na rua dos Protestantes. Nunca faltou negociação. Foram oferecidas três áreas para realocação do espaço cultural e manutenção da atividade social e artística. Uma delas tem cerca de 900 metros quadrados, três vezes maior do que o espaço onde o teatro funciona atualmente. Nesta última terça-feira (19), a prefeitura ofereceu um terreno no Bixiga, berço de importantes teatros da cidade.
Nesta quarta-feira (20), em mais uma demonstração de busca por solução, a prefeitura informou que pode rever a ação de reintegração de posse se a direção do teatro se comprometer, em documento, a deixar a área em até 60 dias.
Para evitar qualquer prejuízo ao Mungunzá, a prefeitura colocou ainda à disposição do grupo teatral a Galeria Olido e o Centro Cultural de São Paulo como sede provisória, para que pudesse continuar com suas apresentações até que seja transferido.
Se do lado da prefeitura há diálogo, não se pode dizer o mesmo do grupo responsável pelo teatro. A invasão de um prédio de forma clandestina exigiu da Guarda Civil Metropolitana ação para recuperar o espaço, que agora se mantém lacrado e preservado. A prefeitura é a favor da cultura, não da baderna.
A Prefeitura sempre se manteve aberta à negociação, como sempre esteve. Mas é preciso razoabilidade para a solução da questão. Ninguém pode ser contra a solução do problema habitacional no centro. Já faz mais de um ano que buscamos solução e negociação para garantir ambos os direitos sociais: habitação e acesso à cultura.
O local onde está instalado um teatro não pode ser mais importante do que a preservação de suas atividades, às quais a prefeitura tem demonstrado total apoio, e a oportunidade de famílias conquistarem sua casa própria. Cultura e habitação andam juntas. Uma visão integrada de políticas públicas é o que São Paulo precisa e é o que defendemos.
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