O Lula de sempre

Tuíte sobre o teto de gastos mostra que Lula não aprendeu nada e não mudou nada


O Estado de S.Paulo

Está em curso uma tentativa de construção de uma nova imagem do sr. Luiz Inácio Lula da Silva, alheia ao passivo de corrupção, incompetência e negacionismo que marca a trajetória política do Partido dos Trabalhadores (PT). O líder petista sabe que sua viabilidade eleitoral depende, entre outras coisas, de que o seu nome não esteja vinculado ao governo de Dilma Rousseff.

Esta é a tática: apresentar à população um novo Lula, supostamente moderado e responsável, a fazer contraponto ao desgoverno de Jair Bolsonaro. Não é tarefa simples realizar tal metamorfose. Vale lembrar que a carceragem da Polícia Federal em Curitiba nunca promoveu qualquer espécie de ressocialização política. O Lula continua o mesmo de sempre, como ele próprio faz questão de ressaltar.

No dia 17 de junho, com a verve populista de sempre, o sr. Luiz Inácio Lula da Silva prometeu revogar a EC do Teto de Gastos. “A quem interessa o teto de gastos? Aos banqueiros? Ao sistema financeiro? Gasto é quando você investe um dinheiro que não tem retorno. Quando você dá R$ 1 bilhão para o rico é investimento e quando você dá R$ 300 para o pobre é gasto?! Nós vamos revogar esse teto de gastos”, escreveu em sua conta no Twitter.

Em 260 caracteres, o líder petista mostrou que, para fazer demagogia populista, não tem nenhum pudor de abraçar o negacionismo econômico e defender o retrocesso.

Resultado de um enorme trabalho de coordenação política do presidente Michel Temer, a EC do Teto de Gastos veio precisamente reverter a rota de irresponsabilidade fiscal implementada pelas administrações petistas – e que tantos males causou à população, com inflação, desemprego e retração da atividade econômica. Agora, ignorando todo esse esforço, o sr. Luiz Inácio Lula da Silva anuncia que vai revogar a medida.

O tuíte do líder petista sobre o teto de gastos é revelador. Ele não apenas não reconhece os erros do seu partido – que gestaram e produziram a crise econômica que assola o País desde 2014 –, como prega abertamente o retorno à irresponsabilidade fiscal.

Não há moderação em quem nega os fatos e a ciência econômica e opta por difundir desinformação. A mensagem do sr. Luiz Inácio Lula da Silva sobre o teto de gastos traz inequívoca manipulação da realidade, distorcendo fatos para obter proveito político.

Ao contrário do que disse o líder petista, o teto de gastos não faz discriminação entre ricos e pobres. Além disso, foi a limitação das despesas públicas que possibilitou a trajetória, desde o final de 2016, da redução das taxas de inflação e de juros.

É muito fácil vir a público criticar demagogicamente o ajuste fiscal. Difícil é conseguir reduzir de forma sustentável, sem truques nem pedaladas, a inflação e a taxa de juros. A depender do sr. Luiz Inácio Lula da Silva e do PT, essa tarefa não será apenas difícil, mas impossível. Sem nenhum rubor, o líder petista anuncia que sua proposta política não tem nenhuma novidade e não contém nenhum aprendizado. Seguirá cometendo os mesmos erros de sempre.

Logo após o tuíte do líder petista, o deputado Rodrigo Maia lembrou uma triste realidade sobre a responsabilidade fiscal do atual governo. “O próprio Paulo Guedes fez pior do que revogar o teto de gastos: ele descumpriu e desmoralizou o teto em troca da reeleição do Bolsonaro”, escreveu o ex-presidente da Câmara no Twitter.

Os fatos são evidentes. Luiz Inácio Lula da Silva e Jair Bolsonaro não querem ajuste fiscal, não querem reformas, não querem debate público responsável, sem distorções ou negacionismos. O que lhes importa é a vitória eleitoral.

Não há moderação onde sobeja irresponsabilidade – a irresponsabilidade de pôr em risco avanços importantes, alcançados com o esforço e o sacrifício de toda a população, na tentativa de obter sucesso eleitoral.

Como hábil comunicador que é, o sr. Luiz Inácio Lula da Silva reitera que não aprendeu nada e não mudou nada. Podia anunciar tanta coisa, pedir desculpas por tantos erros. Mas não. Anunciou que vai acabar com o teto de gastos.

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