Datafolha: Maioria aprova pedido de Doria para ignorar recomendação de Bolsonaro


Para 57%, o tucano estava certo ao dizer que a população não deveria ouvir presidente sobre o vírus

O Governador do Estado de São Paulo João Doria durante videoconferência dos governadores do Sudeste com o Presidente da República

Igor Gielow - Folha.com

O pedido feito pelo governador de São Paulo, João Doria (PSDB), para que a população não não seguisse as recomendações do presidente Jair Bolsonaro sobre a pandemia do coronavírus reverberou na população.
O governador João Doria (PSDB-SP) durante entrevista sobre coronavírus no Palácio dos Bandeirantes - Governo do Estado de São Paulo

Segundo pesquisa do Datafolha divulgada nesta sexta (3), 57% dos entrevistados acham que Doria está correto. Já 33% consideram que ele está errado e 11%, não souberam responder.

O tucano é o mais vocal chefe estadual, até por liderar o estado de maior população e mais atingido pela Covid-19 até aqui. Desde o começo da crise, a maioria dos governadores adotou medidas restritivas de circulação de pessoas, enquanto Bolsonaro defende que o comércio fique aberto, por exemplo.

A disputa teve na altercação entre João Doria (PSDB-SP) e Bolsonaro, na semana passada, um ponto alto. No episódio, o governador criticou um pronunciamento do presidente minimizando a Covid-19 e ameaçou ir à Justiça se houvesse centralização de respiradores essenciais para casos graves da doença por parte do Ministério da Saúde.

Bolsonaro respondeu aos berros, lembrando que Doria havia sido eleito com votos da onda que o levou ao Planalto em 2018 e o acusando de oportunismo político.

O tucano, que é presidenciável para 2022, tem buscado estabelecer diferenças de condução da crise em relação ao mandatário máximo. Sempre que é questionado sobre isso, o tucano responde que apenas se orienta pelos parâmetros técnicos da sua área de saúde e economia no manejo da crise.

Enquanto Bolsonaro insiste na tese de isolar parcialmente grupos vulneráveis, Doria mantém o estado sob quarentena marcada inicialmente até o dia 7 e lançou a campanha "Fique em casa".

A maior aprovação à frase do tucano vem do Nordeste (65%), dos jovens de 16 a 24 anos (66%) e dos mais ricos e instruídos (64%). Já ficam mais do lado de Bolsonaro, ainda que minoritários, homens (38%) e quem ganha de 5 a 10 salários mínimos (39%).

O dado nordestino é vistoso para as pretensões de nacionalização do nome do tucano. Pesquisas qualitativas feitas por partidos sempre indicam uma rejeição ao caráter excessivamente paulista associado a Doria, o que é um tabu antigo para disputas nacionais.

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