Atacado por bolsonaristas, Doria recebe apoio com crítica pontual de partidos de oposição


Na crise do coronavírus, tucano se projeta para 2022, mas PT, PSL e PSB evitam cálculo eleitoral

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Bruno Covas, João Doria e Marco Vinholi

Ao antagonizar com Jair Bolsonaro (sem partido) sobre o modo de combate ao coronavírus, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), se tornou alvo de bolsonaristas, mas, ao mesmo tempo, se viu na mesma trincheira da esquerda e de outras siglas de oposição ao presidente.

Enquanto a hashtag #ImpeachmentDoDoria foi impulsionada por movimentos, influenciadores e deputados estaduais ligados a Bolsonaro ao longo da semana, o tucano tem contado com o apoio de PT, PSL e PSB às suas medidas de isolamento social, embora os opositores façam críticas pontuais.

Como mostrou a Folha, Doria cresceu em popularidade digital ao protagonizar o embate dos governadores com o presidente sobre o isolamento social. A maior parte dos governadores defende o isolamento de toda a população, medida que é recomendada pelos especialistas e adotada em diversos países, enquanto Bolsonaro prega o retorno das atividades para não prejudicar a economia.

A relevância adquirida pelo tucano vem a calhar com seus planos de concorrer à Presidência da República em 2022 e pode também ajudar Bruno Covas (PSDB) na tentativa de se reeleger prefeito de São Paulo. No entanto, os partidos de oposição a Doria nas urnas evitam fazer cálculo eleitoral neste momento e afirmam não se preocupar com a projeção do governador.

Na bancada de oposição a Doria na Assembleia Legislativa de São Paulo, o deputado estadual Emídio de Souza (PT) endossa as ações do governador, de impor quarentena no estado até 7 de abril.

“É uma questão de bom senso, não dá para fazer oposição por oposição. As medidas corretas têm que ser apoiadas. Se Doria está fazendo o papel correto, temos que apoiar. Não significa estar do lado de Doria, mas do lado do povo. O país precisa se unir em torno do combate ao coronavírus, isso não significa fazer aliança política”, diz Emídio.

“Não nos preocupa o que vai acontecer politicamente no futuro, não é o debate agora. Como vai estar esse país daqui a seis meses? Ninguém é capaz de saber”, completa.

“Não é hora de politizar, o momento é de crise grave. Chamamos de irresponsável quem colocar esse debate na mesa. Da mesma forma, não cabe a Doria colocar 2022 nesse cenário”, resume Luiz Marinho, presidente estadual do PT em São Paulo.

A oposição, contudo, vem fazendo críticas específicas. Ao mesmo tempo em que elogia Doria pela serenidade e liderança, Marinho cobra mais ações do tucano para preservar emprego e renda e o reprova por preocupar-se com campanha em vez de governar desde quando foi prefeito da capital paulista.

Já a atuação dos opositores de Doria que são alinhados a Bolsonaro é completamente diferente, marcada pelo confronto e pelos ataques nas redes sociais. O tucano se elegeu governador apoiando Bolsonaro em 2018, mas adiantou o plano de descolar-se do presidente para fazer oposição devido à pandemia de coronavírus.

Os apoiadores de Bolsonaro pedem impeachment de Doria e o acusam de conspirar com os governadores e agir como se fosse presidente. Também afirmam que o tucano está inflando as mortes por coronavírus no estado –suspeita também levantada por Bolsonaro sem apresentar prova alguma.

Doria chegou a registrar boletim de ocorrência após receber ameaça de morte. Para a equipe do governador, segundo a coluna Mônica Bergamo, há indícios de que as ameaças são articuladas com o gabinete do ódio que agiria no Planalto.

“É lamentável que alguns poucos radicais usem a ameaça como instrumento político, como têm feito grupos organizados contra o governador João Doria. No momento em que enfrentamos a maior emergência de saúde da história, a prioridade do PSDB de São Paulo e do governador João Doria continuará sendo salvar vidas e resguardar condições de sobrevivência aqueles mais vulneráveis”, afirma em nota o presidente do PSDB paulista, Marco Vinholi.

Fonte: Folha.com

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