'Negociei com a Dilma', diz Mônica Moura sobre caixa 2 na campanha do PT de 2014

 
Marqueteira também reiterou que tratou valores com ex-presidente

GUSTAVO SCHMITT - O GLOBO

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Ré na Operação Lava-Jato, a marqueteira Mônica Moura reiterou em interrogatório ao juiz Sergio Moro nesta sexta-feira que houve caixa 2 nas campanhas do PT da ex-presidente Dilma Rousseff de 2014 e do ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad em 2012. Mônica disse que negociou os recursos não contabilizados diretamente com a ex-presidente.

— Negociei com a Dilma. Foi tudo negociado diretamente com ela. Pela primeira vez, negociei valores com uma presidente — disse Mônica.

Ela prestou depoimento num caso em que é acusada junto com João Santana, seu marido e sócio, de ter recebido US$ 3 milhões de despesas eleitorais do PT em contas secretas no exterior da empreiteira Odebrecht, entre 2012 e 2013.

A delatora disse que não sabia da existência do esquema de corrupção apelidado de "petrolão", que consistia no pagamento de propina a agentes públicos e a partidos políticos por empreiteiras em troca de contratos da Petrobras. Mônica afirmou ainda que, ao receber os recursos para pagamento de campanha, não sabia que se tratava de dinheiro com origem em práticas de corrupção.

— Eu não sabia. Não tenho nada a ver com petrolão. Nunca recebi propina. Não estou dizendo que não tenho culpa. Estou cumprindo o acordo há um ano e meio e não tenho nada a esconder - afirmou Mônica.

Ela e seu marido e também marqueteiro João Santana cumprem prisão domiciliar na mansão onde moram na Bahia. Os dois terminam de cumprir pena em regime domiciliar fechado em setembro próximo, quando começarão a cumprir, por um ano e meio, regime semiaberto domiciliar — quando deverão permanecer em casa das 22h às 6h, nos fins de semana e feriados, e continuarão a usar tornozeleira eletrônica. Só em março de 2020 eles poderão retomar o trabalho de marketing político.

O PT negou as acusações feitas pela marqueteira e disse que a Lava-Jato "arma espetáculos de olho nas eleições". O partido disse ainda que desta vez a operação quer criar notícias falsas às vésperas do registro de candidatura que deve ocorrer no dia, quando o partido pretende inscrever Haddad como vice do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A defesa da ex-presidente Dilma também negou qualquer irregularidade.


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