Apesar das redes sociais serem grande promessa das campanhas deste ano,
a boa e velha TV ainda tem grande valor na disputa por eleitores
Gazeta Online
Um olho na internet, mas o outro bem aberto nas mídias tradicionais. Apesar
das redes sociais serem grande promessa das campanhas deste ano, a boa e velha
TV ainda tem grande valor na disputa por eleitores. E com o início das
convenções partidárias previsto para o fim de julho, as articulações entre as
siglas tendem a se intensificar para garantir a formação de coligações mais
vantajosas em torno de um bem precioso: o tempo dentro da tela.
Para o consultor em marketing político Darlan Campos, meios de
comunicação tradicionais mantêm campo de influência “especialmente nesta
eleição, em que muitos candidatos precisam se apresentar à sociedade”.
“Dados do IBGE mostram que uma faixa de 70% da população têm acesso à
internet. Ou seja, ainda há pessoas que só podem ser impactadas por meios como
rádio e televisão”, argumenta.
Pela primeira vez, as campanhas à Presidência e aos governos estaduais
não serão transmitidas apenas no horário eleitoral gratuito, mas também em
inserções fora desse tempo, junto a outros comerciais. O recurso foi utilizado
em 2016.
“Vem caindo o tempo de permanência das pessoas na TV. Logo, o horário
eleitoral tem perdido público. Só que quando você insere o dispositivo na
programação, ele pega o eleitor desarmado. Isso é fundamental para as campanhas
majoritárias e poderá ter efeito importante”, disse Darlan.
Atento às costuras feitas entre partidos, o consultor político da XP
Investimentos, Paulo Gama, elaborou um quadro com possibilidades de alianças
nacionais. Segundo ele, há chances de que o candidato do PSDB, Geraldo Alckmin,
garanta 5 minutos na TV ao conseguir o apoio do PSD, PTB, DEM, PP, SD, PRB e
PSC, que se articula em torno do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo
Maia (DEM).
Em quase todos os cenários, o tucano é favorecido. Caso mostre-se como
única opção de centro viável, Alckmin poderia até ultrapassar os 6 minutos na
TV, ao somar MDB (que teria que abdicar de Henrique Meirelles) e os partidos de
Maia.
Para o PT, caso prefira seguir sozinho com a candidatura do
ex-presidente Lula ou de outro petista, o tempo estimado é de 1 minuto e 40
segundos. Na melhor das hipóteses, a sigla consegue o suporte do PCdoB, do PSB
e do PR e fecha o tempo em 3 minutos e 22 segundos.
A hipótese mais assertiva, para Gama, é que PSB e PCdoB migrem para Ciro
Gomes (PDT), garantindo ao pedetista 1 minuto e 30 segundos de TV. A condição
seria melhor se o PT desistisse de alçar voo solo e declarasse apoio a Ciro.
Com a esquerda unida, o tempo seria de 3 minutos e 3 segundos.
Dificuldade Para Marina Silva (Rede) e Jair Bolsonaro (PSL), as
dificuldades são maiores. Enfrentando a disputa sozinha, a fundadora da Rede
teria 8 segundos, enquanto Bolsonaro, também sozinho, teria 9. A melhor chance
para o deputado é conseguir apoio do PR, elevando o tempo para 54 segundos.
“Não podemos afirmar que eles não irão para o segundo turno, mas a falta de
coligações é obstáculo”, disse Darlan.
Do mesmo modo, o cientista político da Universidade Federal de São
Carlos, Fernando Antonio Azevedo acrescenta: “Será uma campanha rápida, com
horário na TV nas terças, quintas e sábados. Favorece quem já é conhecido e tem
recall mais ou menos alto”. Para o professor, a TV ainda é um território
confiável para que notícias falsas, que surgem nas redes, sejam desmentidas:
“As mídias tradicionais viram uma arena em que você pode rebater ou dissolver
as maiores mentiras”.
"BOLSONARO TERÁ MENOS TEMPO DE DEFESA"
Quanto mais alianças, mais tempo de TV. A conta parece simples, mas se
revela complicada à medida em que novas possibilidades de cenários surgem na
corrida presidencial. Para o analista político da XP Investimentos, Paulo Gama,
enquanto Geraldo Alckmin tem chances de ter a maior fatia de tempo, a situação
para Marina Silva e Jair Bolsonaro não é tão fácil. Veja:
Quais os cenários mais prováveis?
Pelo que escutamos no meio político, a candidatura do PSDB é uma das que
mais tem chance de arregimentar os partidos de centro, que também conversam com
Ciro Gomes (PDT). Mas o cenário mais provável favorece o PSDB, dando a Alckmin
um tempo razoável na TV.
E a esquerda?
O PT continua insistindo na candidatura de Lula e isso tem dificultado a
amarração de acordos. As candidaturas do PT e do Ciro disputam os mesmos
partidos, como PSB e PCdoB. Ciro também deve falar com o centro.
Como ficam Marina e Bolsonaro?
Eles têm em comum a falta de articulação com a política institucional. É
importante ressaltar que os adversários terão mais tempo e usarão parte dele
para atacar Bolsonaro. Já ele terá menos tempo e não poderá se defender.
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