Projetos de Doria viram modelo para outros prefeitos


Tucano ‘exporta’ programas como Corujão da Saúde e o de combate aos pichadores; em maio, fará seminário sobre táticas de gestão

Adriana Ferraz  - O Estado de S.Paulo

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Não só o estilo, mas também os programas de governo do prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), começam a ser replicados pelo País. Depois de praticamente institucionalizar na classe política a prática de usar as redes sociais para informar eleitores sobre ações de seu dia a dia, o tucano agora “exporta” projetos específicos, como o Corujão da Saúde, adotado em parceria com a iniciativa privada para redução da fila de exames médicos, e o programa de combate à pichação. E já agendou um seminário para maio, no qual pretende “ensinar” a colegas como fazer o que ele faz.

Cada vez mais cacifado para disputar uma nova eleição em 2018, seja para o governo do Estado ou para a Presidência, Doria quer se mostrar disponível e solícito para ajudar outros municípios e até Estados a encontrar soluções inteligentes de gestão, considerada por ele sua grande especialidade.

O Corujão da Saúde é atualmente sua principal vitrine. Segundo a Prefeitura, a parceria firmada com hospitais privados como Albert Einstein e Sírio-Libanês, para ampliar a capacidade de oferta de exames à população em horários alternativos, como o período noturno, possibilitou a realização de 342 mil procedimentos em três meses.

“Esse é um projeto vitorioso, construído a partir de um modelo de gestão. Identificamos o problema, verificamos a solução, confirmamos a possibilidade de realização, a manutenção dos valores aplicados pela Prefeitura (tabela SUS), e iniciamos o projeto com prazo determinado para começar e acabar. Nosso compromisso era de 90 dias e em 83 dias as filas de 2016 foram zeradas”, disse Doria.

De olho nos números (e no marketing positivo que a ação tem proporcionado ao tucano), prefeitos não apenas de São Paulo, mas de várias regiões do País têm desenvolvido ações semelhantes desde o início do ano. Em Cuiabá, Emanuel Pinheiro (PMDB) decidiu lançar uma Parceria Público-Privada (PPP) para atender cerca de cem mil pessoas que aguardam por um exame, uma consulta com especialista ou cirurgia. A iniciativa, baseada na ação paulistana, pode, segundo tem dito, provocar um “choque de gestão” na saúde pública da cidade.

O governador de Mato Grosso, Pedro Taques (PSDB), também já demonstrou interesse em aplicar a estratégia do tucano com um programa similar que atenda os pacientes entre 20h e 8h – na capital paulista, o atendimento preferencial é feito entre 20h e meia-noite.

Em Torres, no Rio Grande do Sul, o prefeito, Lucio de Marchi (PP), reconhece que copiou Doria. “Não tenho problema em dizer isso, não. Copiei mesmo. Acho que o que é bom tem de ser copiado”, afirma. O Corujão lançado por ele é focado no atendimento de especialidades. Segundo Marchi, quase um quarto da população da cidade, de 134 mil habitantes, está na fila da saúde. “Nossa meta é atender 70% dessa demanda até meados do ano que vem com consultas de noite.”

No interior do Paraná, o prefeito de Ponta Grossa, Marcelo Rangel (PPS), priorizou pacientes que esperam para fazer um ultrassom, a maior demanda registrada pela prefeitura. Em seguida, de acordo com Rangel, será feito o processo de abertura para credenciamento e contratações de serviços para demais exames e procedimentos. “O Corujão é uma ideia muito positiva”, disse.

Depois de herdar uma fila de espera na saúde com mais de 11 mil pessoas, o prefeito de Franca, no interior paulista, também resolveu aderir ao Corujão de Doria. Gilson de Souza (DEM) firmou parceria com a rede particular para oferecer ultrassom doppler, agendou mutirões noturnos de consultas médicas e afirma buscar agora hospitais privados para aumentar a oferta de cirurgias.

Prefeito de São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, Orlando Morando (PSDB) ressalta que toda ação de sucesso adotada na capital paulista se espalha, tem ampla repercussão. “É natural, portanto, que seja replicada em outros locais. Doria e eu temos muitas similaridades. Somos empresários, gestores, cobramos resultados rápidos. Mas meu programa não é uma cópia, é semelhante. O Saúde Prioridade não dá atendimento de noite, por exemplo, não acho adequado. É só durante o dia.”

Pichações. Após Doria endurecer o combate a pichações na capital, Morando também tornou mais rígidas as regras em São Bernardo do Campo, com a aprovação da Lei Parede Limpa.

A guerra contra os pichadores travada pelo prefeito de São Paulo despertou interesse fora dos limites paulistas. As Câmaras Municipais de Blumenau, em Santa Catarina, e do Recife, em Pernambuco, também discutem projetos relativos ao tema.

A gestão Doria diz ser procurada por políticos de todo o Brasil em busca de informações sobre o Corujão da Saúde e outros programas adotados desde o início do ano, como o combate à pichação e o Cidade Linda, de zeladoria urbana. Na lista de interessados, segundo a Secretaria de Saúde, há representantes de Alagoas, como o prefeito da cidade de Marechal Deodoro, Cláudio Filho (PSD), e vereadores de Serra, no interior do Espírito Santo, e de Goiânia.

Seminário. O seminário marcado para 27 de maio em um hotel da cidade foi a forma encontrada por Doria, e pelo PSDB, de atender o maior número de “admiradores” do prefeito de uma só vez. Detalhes sobre a implementação do Corujão estão na pauta, assim como de outros programas, como o Cidade Linda, de zeladoria urbana.

“A partir de agora (após zerar a fila), os exames continuam, mas a demanda nos exames de urgência é atendida em, no máximo, 30 dias. Os demais, em até 60 dias. E vem aí o Corujão da Cirurgia, que vamos anunciar no dia 25 de maio”, afirmou Doria, de olho em novas cópias.

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