Para FHC, proposta de lista fechada 'quer evitar que Lava Jato vá adiante


Em vídeo postado em rede social, ex-presidente afirma que eleitor nem sabe nome dos partidos e que medida vai eleger direção dos partidos

O Estado de S.Paulo

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O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou na manhã desta quarta-feira, 22, que a proposta de lista fechada defendida hoje pelo Congresso é uma forma de evitar que a Operação Lava Jato 'vá adiante'. "Eleita vai ser a direção do partido e o povo vai votar em partidos. Quais? O povo nem sabe o nome dos partidos. Não dá para aprovar nada que tenha cheiro de impunidade.

Isso é uma lei que, na verdade, quer evitar que a Lava Jato vá adiante. Não pode", disse o tucano, em vídeo postado em rede social.


Assista ao vídeo:


Para ele, os nossos partidos hoje, vamos falar com franqueza, estão muito mal das pernas. Os políticos todos estamos mal das pernas. Então, não acho que seja o momento de fazer proposta".

A Câmara dos Deputados pretende aprovar até maio mudanças no sistema eleitoral e no financiamento de campanhas para que as novas regras entrem em vigor nas eleições de 2018. A lista fechada também consta no relatório final do relator da reforma política na Câmara, deputado Vicente Cândido (PT-SP).

Fernando Henrique também defendeu o fim das coligações no vídeo porque "você vota em um e elege outro" e também a cláusula de barreira. "Eu acho importante uma lei que diga: ‘olha, um partido que não recebeu x votos em tal número de Estados, não vai ter representação na Câmara. Porque não é partido, tentou ser partido", avaliou.

Competência. Para o ex-presidente, cabe à Justiça 'separar' o que é crime de caixa 2 ou crime de corrupção. "Fez corrupção, ganhou dinheiro por causa da Petrobrás, Eletrobras ou onde seja, ou porque recebeu dinheiro de uma empresa para fazer uma lei a favor dessa empresa, é crime. É crime e, na verdade, corrupção. E não declarou? É falsidade ideológica. E caixa 2? Também é crime, mas é outro tipo de crime. Está capitulado no Código Penal. Deixa que a Justiça separe: o que é caixa 2, o que é crime de corrupção, o que pode ser punido quando não é eleição, o que pode ir para cadeia. Não somos nós, os políticos, os líderes nacionais ou as pessoas que vão opinar", defendeu. 

Parlamentares estudam aprovar um projeto de anistia do caixa 2 na comissão de reforma política, presidida pelo deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA). As negociações para viabilizar a proposta voltaram a ganhar força no Congresso depois que a Segunda Turma do Supremo decidiu tornar réu o senador Valdir Raupp (PMDB-RO) pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A acusação é de que Raupp recebeu “propina disfarçada” de doação oficial da construtora Queiroz Galvão para a sua campanha ao Senado, em 2010. 

Existe a possibilidade também de aprovar o tema por meio de proposta de emenda à Constituição (PEC), que é promulgada pelo próprio Congresso Nacional, uma vez que o presidente Michel Temer já afirmou que não vai sancionar um projeto de lei nesse sentido.

Os deputados também articulam um texto para blindar o chamado “caixa 1”, isto é, o dinheiro efetivamente declarado na Justiça Eleitoral. “Qualquer tema pode ser pautado, não tenho objeção a nenhum tema, contanto que ele seja feito com nome, sobrenome e endereço fixo. Eu acho que essa é a questão que falta neste debate”, disse o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), na semana passada. / Alexandra Martins, Isadora Peron, Daiene Cardoso e Igor Gadelha

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