Governo de SP estimula criação de grêmios estudantis


SABINE RIGHETTI - FOLHA.COM

Integrantes do grêmio Sibanna Blanth discutem a legalidade do impeachment de Dilma Rousseff 
Bruno Santos/Folhapress 


Incentivar a participação dos alunos no dia a dia da escola tem sido uma das estratégias adotadas pela gestão Geraldo Alckmin (PSDB) para tentar acalmar os estudantes que, no ano passado, fizeram uma série de ocupações em protesto à reorganização escolar e à falta de estrutura.

Um dos passos foi estimular a criação de grêmios nas escolas. Hoje, há 20% mais grêmios do que havia em 2015, diz o governo.

A proposta é uma das bandeiras do secretário estadual de Educação, José Renato Nalini, que assumiu no início do ano. À Folha ele disse que pretende modernizar as leis estaduais de educação para instaurar a "gestão democrática nas escolas".

Uma demanda dos alunos –o uso de celular em sala de aula–, por exemplo, deve ser atendida com a alteração da lei estadual que proíbe o equipamento nas escolas. A ideia, diz o governo, é permitir que o dispositivo seja usado "com fins pedagógicos".

"Nem sempre sabemos o que é melhor para os alunos. Queremos ouvir a todos", diz o secretário Nalini.

Por enquanto, a maioria dos grêmios tem organizado campeonatos esportivos e debates sobre política. Na Escola Estadual Maria José (centro de São Paulo), os alunos do ensino médio resolveram discutir a legalidade do afastamento da presidente Dilma Rousseff. Esse tipo de debate começou neste ano.

"Eu acho que o impeachment foi legal", diz Karolaine Waleska, 16, presidente do grêmio Sibanna Blanth –nome criado pelos alunos.


AULAS VAGAS

O grêmio, diz Karolaine, deixa a escola mais atrativa, principalmente nas aulas vagas. Ela, por exemplo, tem três horários vagos por semana por falta de professor.

O protagonismo dos alunos cresceu, diz Caio Guilherme Santos, 19, presidente da Umes (União dos Estudantes Secundaristas de São Paulo), mas ainda falta muito para que sejam, de fato, ouvidos.

"Muitas coisas são impostas aos estudantes. É o caso das apostilas. A gente não gosta, queremos as aulas em outro formato", afirma.

Santos, hoje no ensino técnico, conta que terminou o ensino médio sem professor de história. "A gente se acostumou a não ter a última aula às quartas. Hoje, os alunos não aceitam mais isso."

A participação ativa dos alunos na escola também funciona pedagogicamente: "O aluno participativo tende a evadir menos e a ter melhor desempenho", afirma Fernando Abrucio, especialista em educação da FGV.

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