Bar em que Celso Russomanno é sócio de delator da Lava Jato é despejado por dever mais de R$ 2 milhões em aluguel


 Jornal de Brasília


Oficiais de Justiça do Distrito Federal cumprem nesta sexta-feira (05) mandado de despejo contra o Bar do Alemão, localizado no Setor de Hotéis de Turismo Norte (SHTN), às margens do Lago Paranoá, por falta de pagamento de aluguéis. Um dos proprietários do estabelecimento é o deputado federal Celso Russomanno (PRB-SP), candidato à Prefeitura de São Paulo. O imóvel ocupado até então pelo restaurante pertence à Construcen Empreendimentos Imobiliários, que cobra dos locatários uma dívida de R$ 2.005.760,25. O valor é referente a 18 mensalidades vencidas e de multas por não cumprimento de acordo.

Registros da Junta Comercial do Distrito Federal apontam Russomanno como sócio administrador do bar, com participação de R$ 2,21 milhões no negócio, orçado em R$ 7 milhões. O político é sócio do empresário e delator da Lava-Jato Augusto Mendonça, que no fim de 2014, revelou ter repassado cerca de R$ 60 milhões em propina ao ex-direitor de Serviços da Petrobras, Renato de Souza Duque, e ao Partido dos Trabalhadores (PT).

Mendonça é também um dos donos das empresas Unialimentar Comércio e Serviço de Alimentos e a Yellowwood Consultoria, que juntas, respondem por participação de mais de R$ 2 milhões no capital do restaurante. Em setembro do ano passado, o empresário foi condenado a 16 anos e oito meses de prisão pela 13ª Vara Federal de Curitiba.

Celso Russomanno e Augusto Mendonça tiveram o apoio de outros dois sócios para inaugurar o empreendimento em abril de 2013: Luna Mirah Gomes, filha do ex-deputado Eduardo Gomes; e o ex-empresário Geraldo Vagner de Oliveira, morto recentemente em um acidente de helicóptero em Jundiaí, no interior de São Paulo. Ele e mais quatro vítimas estavam na aeronave que caiu a caminho do município de Americana, em 26 de junho.

Mandado de despejo

O impasse financeiro entre o Bar do Alemão e a imobiliária Construcen é analisado pela Justiça desde maio de 2015. De lá para cá, uma audiência de conciliação chegou a ser agendada, mas o encontro não ‘vingou’ por ausência de representantes do restaurante. Após esse episódio, as partes fecharam acordo paralelamente. Ficou definido que o bar repassaria um milhão de reais em quatro parcelas. O valor total sofreria um acréscimo de 30% em caso de descumprimento. Como a quantia não foi paga, a empresa locadora apelou para o pedido de despejo. A solicitação foi examinada e autorizada pela Sexta Vara Cível de Brasília.

O restaurante foi notificado sobre a decisão em 13 de junho e ganhou prazo de 30 dias para deixar o local de forma “voluntária”. Caso a sentença fosse ignorada, o estabelecimento estaria sujeito a pagar multa diária no valor de R$ 5 mil. A defesa do bar contestou a decisão e entrou com recurso, porém, prontamente, negado pela Justiça.

Na última terça-feira (02), o juiz Jerry A. Teixeira explicou nos autos do processo que oficiais de Justiça já tinham visitado o bar, mas o mandado de despejo ainda não havia sido executado por “não haver espaço suficiente para a guarda dos bens do locatário no depósito público”. Ao receber a notícia, a administração da Construcen pediu a ‘guarda’ dos móveis e de demais produtos para concluir o despejo. Com o aval do Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJDFT), o material vai ser recolhido a um depósito privado indicado pelo próprio autor do processo. O serviço, no entanto, terá de ser custeado pelos acusados.

Defesa

A Reportagem do JBr conversou brevemente com o advogado Pedro José Horta, que até o início desta semana, atuava em defesa do Bar do Alemão. Ele se recusou a dizer o motivo do afastamento e não quis comentar o caso.

Até a publicação desta matéria, a equipe de gabinete do deputado Celso Russomanno ainda não tinha se pronunciado.

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