PT se aproximou de bolivarianos para se dizer de esquerda, diz Serra


Folha.com


O ministro das Relações Exteriores, José Serra (PSDB), afirmou nesta segunda-feira (6) que o governo da presidente afastada Dilma Rousseff se aproximou dos países bolivarianos "para dizer que são de esquerda".

Na programa "Roda Viva", da TV Cultura, Serra acusou os governos petistas de "ideologizarem a política externa" para tentarem manter o apoio da base, apesar de medidas contrárias aos princípios do partido.

"Para satisfazer o 'se dizer de esquerda', eles no exterior se aliaram com essas forças bolivarianas para ter uma cara para dizer que são de esquerda. Parte do vigor do regime venezuelano foi o PT que deu".

Além da relação com Caracas, ele citou como exemplo desta acusação a citação de iniciativas de regulação da mídia em documentos do partido. "Todo o documento do PT aparece isso e ele se sente de esquerda", ironizou.

Sobre a campanha de Dilma e de seus aliados contra o impeachment, ao qual chamam de golpe, o tucano afirmou que o Itamaraty "não ficará um debate interminável" com quem questiona o processo que afastou a petista.

"Tem muita gente fora do Brasil que ficou sem informação, sem entender. É interessante ver os ministros estrangeiros, o pessoal curioso, mas para eles está ficando muito mais claro o que aconteceu", disse.

"Não vale a pena escalar [as disputas com estes países]. É melhor que os fatos sejam mostrados e que seja melhor construir uma política externa mais consistente e independente".

Ele considerou "sem significado nenhum" o manifesto de um grupo de deputados do Parlamento Europeu pedindo que fossem suspendidas as negociações de um acordo entre Mercosul e União Europeia devido ao impeachment.

Serra criticou ainda o ex-chanceler Celso Amorim e o ex-assessor internacional da Presidência Marco Aurélio Garcia, que consideraram a nova política externa do Itamaraty "de direita".


EMBAIXADAS

Sobre o fechamento das embaixadas no Caribe e na África, ele voltou a afirmar que não há nenhuma decisão fechada. Embora tenha criticado o excesso de embaixadas caribenhas, defendeu o estreitamento das relações com a África.

Questionado a respeito da situação na Venezuela, ele disse que é necessário pressionar o governo de Nicolás Maduro "com a opinião pública mundial e no processo de negociação da Unasul" pela liberação dos opositores presos.

Ele, no entanto, se negou a opinar sobre a retirada do governo venezuelano. "Não vou dar uma opinião como ministro das Relações Exteriores".

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