Após indicação de líder do governo, PSDB cobra reformas de Temer


Aécio Neves reconhece que senador Aloysio Nunes enfrentará muitas dificuldades

MARIA LIMA - O GLOBO

O líder do governo no Senado, Aloysio Nunes Ferreira (PSDB -SP), e o presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG) 
Foto: Ailton de Freitas - Agência O Globo 


Ao final de uma acalorada discussão na bancada do partido, o presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), anunciou, ao lado do líder Cássio Cunha Lima (PB), que o partido aceitará o convite para que o senador Aloysio Nunes Ferreira (SP) assuma a liderança do governo interino de Michel Temer no Senado. Parte da bancada, incluindo Aécio, está preocupada em “carimbar” a cara do PSDB com um governo que enfrenta sucessivas crises.

Além de condicionar a aceitação do convite à agilização da pauta de reformas apresentadas pelo PSDB, os tucanos cobram um maior envolvimento do PMDB no enfrentamento dos ataques a Temer e aos ministros pelo PT e aliados.

Durante o anúncio, Aécio disse que Aloysio enfrentará muitas dificuldades, mas admitiu que não restou outro caminho ao PSDB, que foi um dos principais defensores do impeachment. Questionado sobre as denúncias envolvendo membros do governo na Operação Lava-jato, Aécio afirmou que o PSDB não espera aplausos fáceis e vai pelo caminho mais difícil, mas único, do enfrentamento e da imposição da agenda de reformas para tirar o Brasil da crise.

Aécio e Aloysio fizeram questão de discutir o convite de forma institucional em um encontro do presidente do partido, na tarde de segunda-feira, com Michel Temer e o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, no Palácio do Jaburu, residência oficial de Temer.

— Não esperamos facilidades, não estamos recebendo uma homenagem (com o convite). O presidente Temer fez ao PSDB uma convocação para que nos unamos para tirar o Brasil da gravíssima crise que o PT nos colocou. Entre o caminho da omissão, de lavar as mãos, talvez o mais cômodo, e o da responsabilidade, o PSDB vai pelo caminho da responsabilidade. Tenho absoluta certeza que a sociedade vai reconhecer melhor que o papel do PSDB é assumir suas responsabilidades — disse Aécio, no anúncio do novo líder.

— Não tem volta. Vamos assumir o risco inerente a nossa posição. Nesse momento gravíssimo, o Brasil não comporta uma posição de comodidade do PSDB — disse o senador Cássio Cunha Lima.

Ao assumir a “missão”, Aloysio disse que sua primeira tarefa será buscar o diálogo para apoiar as medidas econômicas que façam girar a economia, que serão votadas no Congresso. Ele disse que vai conversar, inclusive, com senadores da oposição.

— Temos que aprovar medidas para fazer girar a economia e gerar empregos. Essa é a situação mais dramática que precisamos enfrentar, aprovando as medidas que o governo já enviou e que ainda vai enviar, e buscando em torno dessas medidas um amplo consenso. Espero que a própria oposição possa dialogar conosco para que em alguns pontos dessas medidas eles venham a somar, como fizemos no governo do PT — disse Aloysio Nunes.

Senadores do PSDB relataram que, na reunião da bancada, houve uma preocupação que o PSDB fique isolado no enfrentamento da crise política. E cobraram maior presença das lideranças do PMDB no embate político.

— Temos que conversar mais. Estamos todos preocupados, não só Aécio. A gente quer um pouco mais de presença do PMDB nesse processo todo, para defender posições, questionar os adversários nos ataques em plenário, um ativismo maior para defender o governo Temer nessas crises todas — disse o senador José Aníbal (PSDB-SP).

Segundo Aécio, ao aceitar o convite feito por Temer, o presidente interino aceitou também a condição de estimular a agilização da votação de medidas da agenda de reformas apresentada quando o PSDB aceitou integrar o governo. A prioridade, nesse momento, disse o presidente da sigla, é a votação na Câmara de dois projetos que tratam da nova governança para estatais e fim do aparelhamento dos fundos de pensão.

— Esperamos que esse seja um governo que tenha coragem de fazer a diferença e apresente uma ousada agenda de reformas — disse Aécio.

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