Folha de S.Paulo
Fernando Haddad e o secretário da Saúde Alexandre Padilha
O noticiário das últimas semanas aponta uma série de problemas na rede municipal de saúde de São Paulo. Os destaques foram falta de médicos, de remédios e problemas no relacionamento com OSs (organizações sociais), que administram unidades de saúde pública. A imprensa acorda tarde para um nervo exposto da administração de Fernando Haddad (PT). A falta de medicamentos, mais evidente, começou logo após a posse e segue irresoluta, mesmo após a demissão do secretário José de Filippi.
Recentemente, ao elogiar ações da administração em mobilidade, a coluna ponderou que ela "amarga retrocessos importantes" em outras áreas, como a saúde. A prefeitura protestou. Citou várias realizações, como a entrega de três hospitais na periferia, que Haddad está para cumprir.
Quanto aos remédios gratuitos, destacou a criação de um site chamado "Aqui Tem Remédio" (aquitemremedio.prefeitura.sp.gov.br ), que permite ao cidadão digitar seu endereço, o nome do medicamento e encontrar onde está disponível, bem como um transporte até lá.
Além de não ter a divulgação necessária, há uma perversa inversão na concepção do serviço: em vez de resolver o problema de logística levando medicamentos às unidades de saúde, ele propõe que o cidadão vá buscar o que precisa onde a prefeitura tiver conseguido entregar.
Testei o site com quatro remédios. Todos aparecem em unidades distantes mais de 5 km de minha casa. O omeprazol, para problemas gástricos, estava disponível em duas unidades de saúde a mais de 6 km. A dipirona sódica, para dores e febre, só em duas unidades, a mais de 10 km. Fiz o mesmo com diclofenaco e cefalexina. Sugiro que o leitor faça com outros.
O trânsito de São Paulo anda a cerca de 12 km/h, uma pessoa marcha a 5 km/h. Ou seja, na melhor das hipóteses, uma hora para ir e outra para voltar. E depois ir trabalhar...
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