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Diego Padgurschi/Folhapress
Deputados comemoram em frente ao painel de votação na Câmara dos Deputados
A comissão especial que analisou o pedido de impeachment contra Dilma Rousseff aprovou nesta segunda-feira (11) por 38 votos a 27 o relatório do deputado Jovair Arantes (PTB-GO), favorável à abertura do processo contra a presidente da República sob o argumento de que há graves indícios de cometimento de crime de responsabilidade.
O placar, já esperado pelo governo há alguns dias, eleva em mais um grau a delicadíssima situação do Palácio do Planalto.
O final da votação foi acompanhado por uma desordem generalizada na comissão, com coros dos dois lados e deputados todos em pé. A mesa da comissão foi tomada por partidários e contrários a Dilma, vários com celulares gravando depoimentos.
A votação final na Câmara, no plenário da Casa, deverá acontecer no próximo domingo (17). Para que o Senado seja autorizado a abrir o processo contra Dilma, e afastá-la do cargo, são necessários os votos de pelo menos 342 dos 513 deputados –ou seja, dois terços do total (66,7%). Na comissão, os votos contra Dilma somaram 58% do colegiado.
Integrantes de partidos que negociam nos últimos dias cargos e verbas com o governo deram sete votos a favor de Dilma e cinco contra.
Apesar de o líder da bancada do PR, Maurício Quintella Lessa (AL), ter deixado o cargo e anunciado o voto a favor do impeachment no plenário, os três integrantes da legenda fecharam a favor da petista.
Quintella afirma que, no plenário, a maioria da bancada irá votar contra Dilma. Trabalham a favor da presidente, porém, o ministro Antonio Carlos Rodrigues (Transportes) e o ex-deputado Valdemar Costa Neto, condenado no processo do mensalão.
No PP foram três votos a favor do impeachment e dois contra. Já o PSD do ministro Gilberto Kassab (Cidades) deu dois dos seus três votos contra Dilma, entre eles o do presidente da comissão, Rogério Rosso (PSD-DF). O PTN, que tinha apenas 1 voto, seguiu com Dilma.
O líder da bancada do PTN, Aluísio Mendes (PTN-MA) chegou a dizer que até a mulher tem posição contrária a dele –momento em que a oposição interrompeu seu discurso em nome da "sabedoria da mulher"–, mas que sabe que o marido jamais votaria contra sua consciência.
O deputado Silvio Costa (PT do B-PE) tentou reproduzir no plenário o áudio vazado em que o vice-presidente Michel Temer (PMDB) fala como se o impeachment já tivesse sido aprovado, mas a oposição vaiou e abafou a gravação. Costa chamou o vice de o maior "traidor" e "conspirador" da história, que não merecia ser nem "vereador do pior interior da Venezuela".
A posição anunciada pelos 25 partidos na comissão mostrou o seguinte placar: 11 a favor do impeachment (PSDB, DEM, PRB, PSB, PTB, SD, PSC, PPS, PV, PSL e PMB), 10 contra (PT, PP, PDT, PTN, PC do B, PSOL, Pros, Rede, PT do B e PEN) e 4 divididos (PMDB, PSD, PR e PHS).
Instalada em 17 de março, a Comissão especial do impeachment cumpriu um rito exíguo na Câmara, de 25 dias. Adversário do governo e réu no Supremo Tribunal Federal sob a acusação de integrar o petrolão, o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), foi, nos bastidores, um dos principais condutores da acelerada tramitação.
A partir da próxima sexta-feira (15), quando deve ser aberta a sessão de votação no plenário –a expectativa é a de que ela se estenda até o domingo–, Cunha assumirá abertamente o comando do processo.
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