Para oposição, Dilma encerra seu governo ao colocar Lula na Casa Civil


Folha.com


Líderes da oposição no Congresso avaliaram nesta quarta-feira (16) que a presidente Dilma Rousseff entregou seu governo ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao colocá-lo na Casa Civil. Os parlamentares dizem ainda que a estratégia visa abafar o desgaste da petista diante do processo de impeachment e dar a Lula foro privilegiado nas investigações da Operação Lava Jato.

Para o Líder do PSDB na Câmara, Antonio Imbassahy (BA), a nomeação de Lula, anunciada hoje, é um tapa na cara da sociedade que foi às ruas pedir o fim do governo Dilma e apoiar a Operação Lava Jato. "Em vez de se explicar e assumir as suas responsabilidades, o ex-presidente Lula preferiu fugir pelas portas do fundo. Vai assumir um ministério para garantir foro privilegiado e escapar do juiz Sérgio Moro. É uma confissão de culpa e um tapa na cara da sociedade. A presidente Dilma, ao convidá-lo, torna-se cúmplice dele", afirmou.

Já o líder tucano no Senado, Cássio Cunha Lima (PB), afirmou que o governo pratica um "autogolpe" e decreta o seu fim. O deputado Marcus Pestana (PSDB-MG) afirmou que, nomeando Lula, Dilma fez "seu próprio impeachment. "Agora é só o Congresso formalizar. É uma tática de entrincheiramento do PT, numa guerra pela sobrevivência que afronta a sociedade", disse.

O líder do DEM no Senado, Ronaldo Caiado (GO), informou que o partido irá apresentar ações populares na justiça federal em todos os estados do país para barrar a nomeação de Lula na Casa Civil. "A ação popular é baseado no desvio de finalidade e será levada a todas as instâncias da Justiça no Brasil. O Estado tem buscar alguém que possa trabalhar para o bem coletivo e não alguém que se beneficia de um cargo para estar amanhã blindado das ações da Justiça Federal, no caso de Lula, das ações do juiz Sérgio Moro", disse.

O senador classificou a decisão de Lula como "uma vitória de Pirro", expressão usada para definir uma vitória obtida a altos preços. "A situação fica complicada porque, agora, ninguém mais vai falar com Dilma mas ainda assim, Lula não se credencia mais para ser esse interlocutor da sociedade, ele não tem mais credibilidade", disse.

O líder do PV no Senado, Álvaro Dias (PR), também anunciou que irá protocolar na justiça do Distrito Federal uma ação popular para barrar a nomeação de Lula. Para ele, há o objetivo explícito de Lula conquistar o foro privilegiado. O senador também afirmou que Dilma está encerrando seu segundo mandato para que Lula inicie o seu terceiro governo. "Se antes já se falava em influência indevida do ex-presidente na administração federal, agora essa influência será direta, com ele tomando as decisões", disse.

Cássio Cunha Lima afirmou ainda que Lula fará um "populismo fiscal" quando assumir o cargo porque, segundo acredita, ele terá poderes para mudar a política econômica do governo. "Ele vai pegar as reservas internacionais do país para fazer um populismo fiscal para dar, artificialmente, um alento à economia e para tentar manter a base que resta. Mas isso é algo que no dia a dia, ele terá dificuldade de executar", disse.

O presidente do DEM, senador José Agripino (RN), afirmou que as divergências entre Lula e Dilma no campo político e econômico são antigas e conhecidas. "Ou elas irão dificultar ainda mais o processo decisório, ou Dilma assinará um atestado de que renunciou à Presidência para Lula", disse.

Na mesma linha, Caiado questionou por que Lula resistiu tanto em aceitar um cargo no governo em outros momentos e, só agora que as investigações da Operação Lava Jato chegaram a ele, é que o petista decidiu aceitar voltar ao Palácio do Planalto.

"É um abraço de afogado. Quando não estava na Lava Jato, Lula rejeitava Dilma e a criticava sempre que podia. Quando se viu na Lava Jato, volta para buscar um foro privilegiado. Não vai acontecer nenhuma desestabilização na votação do impeachment. Tanto Lula quanto Dilma já se transformaram em verdadeiros zumbis que não tem mais capacidade de mobilizar a sociedade", disse.

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