Há 30 anos, discutiríamos o nome dos generais, hoje não há golpe, diz FHC


Daniela Lima - Folha.com

Diego Padgurschi/Folhapress 
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), durante palestra

Numa longa fala sobre a crise atual e a história do país, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse nesta quarta-feira (21) que com o cenário de paralisia economia e a desmoralização "generalizada" do sistema político, se fosse "há 20, 30 anos estaríamos discutindo o nome dos generais". Hoje, concluiu, discutimos o nome dos juízes.

"Houve um avanço institucional. Não vai dar golpe, não tem golpe em ninguém. O que se discute é qual vai ser o resultado da decisão. Pode se discutir se gosta ou não, mas houve um avanço", avaliou.

O tucano falou sobre o assunto durante palestra a empresários, em São Paulo. Ele reconheceu a gravidade do momento, que disse somar crise econômica e fiscal à crise de legitimidade. FHC avaliou, no entanto, que o debate não pode se restringir ao impeachment.

"Tem que mudar a estrutura de comando no Brasil, e não estou falando de impeachment", ressaltou. Para ele, é preciso descobrir como reconectar a sociedade às estruturas de comando, como partidos políticos e o Congresso.

"A noção de autoridade verticalizada não é suficiente mais", concluiu.

VOTO É NO DIA DA ELEIÇÃO

O ex-presidente salientou ainda que, hoje, "as pessoas que tomam decisão não contam com o apoio real da população".

"Não é que não tem eleição, tem eleição mas, no dia seguinte, acabou", disse. "Você tem não sei quantos votos no dia da eleição. No dia seguinte, é pelo desempenho que você é julgado".

O tucano não citou a presidente Dilma Rousseff nominalmente durante sua exposição. Disse que não queria "personalizar" as citações.

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