Operador do PMDB fecha delação premiada na Lava Jato


Bela Megale, Estelita Hass Garazzai - Folha.com


O lobista Fernando Soares, apontado como o operador do PMDB no esquema de corrupção na Petrobras pelas investigações da Lava Jato, fechou o acordo de delação, segundo revelou o jornal "Valor Econômico".

A assinatura do acordo foi feita com a PGR (Procuradoria Geral da República) e aconteceu no dia em que ele foi transferido definitivamente do Complexo Médico Penal, em Pinhais, para a Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba, onde o lobista se reúne com procuradores há mais de um mês para negociar o conteúdo que irá delatar e os benefícios que receberá em troca.

Segundo a Folha apurou, houve dois grandes entraves na negociação: a defesa de Baiano solicitou que o lobista fosse solto assim que assinasse o acordo, e o réu queria negociar a possibilidade de morar nos Estados Unidos com a família depois que saísse da cadeia. Em ambos os casos a PGR não cedeu.

Baiano não sairá da carceragem PF após fazer a delação. Segundo pessoas ligadas à defesa do lobista, ele deve permanecer pelo menos mais dois meses preso. A chance do operador se mudar para o exterior também foi vetada.

Em outras conversas com procuradores da PGR ao longo da negociação, Baiano disse que pode entregar informações sobre a participação de nome de peso da república no esquema de desvios da Petrobras.

Entre eles estão o presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB-AL), do ministro do Turismo Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), do presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDBRJ) e do senador Delcídio do Amaral (PT-MS).

NEGOCIAÇÃO

Antes de assinar no acordo de delação premiada, Fernando Baiano e seu advogado, o criminalista Sérgio Riera, reuniram-se pelo menos cinco vezes com representantes da PRG.

Uma das reuniões mais longas, segundo pessoas que acompanharam a movimentação dos advogados e procuradores, foi a da quarta (9), que durou cerca de seis horas. Nela, o lobista já teria falado sobre três anexos.

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