Campanha de Dilma é alvo da Lava Jato, dizem Aécio e Alckmin


Daniela Lima - Folha.com

Zanone Fraissat/Folhapress 
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, durante desfile de 7 de Setembro

Dois dos principais expoentes nacionais do PSDB disseram nesta segunda-feira (7) que a campanha da presidente Dilma Rousseff (PT) à reeleição em 2014 se tornou um alvo da Operação Lavo Jato, agora que o ex-tesoureiro e atual ministro Edinho Silva (Comunicação Social) passou a ser investigado no caso.

Para o senador Aécio Neves (PSDB-MG), "o pedido de investigação" de Edinho é, "na verdade, a apuração do financiamento da campanha da presidente da República".

"Não apenas as oposições, mas a sociedade aguarda que, em face às reiteradas graves denúncias de utilização de propina na campanha da presidente, as investigações ocorram. Até para que ela possa se defender", disse.

"A lei foi feita para ser cumprida por todos, em especial por quem deveria dar o exemplo", afirmou Aécio, em nota enviada à Folha.

ALCKMIN

O mesmo tom foi adotado pelo governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, que falou sobre as investigações após o desfile de 7 de Setembro, na capital paulista.

Alckmin usou a data como deixa para afirmar que "a República não aceita rapinagem e não aceita mentira". Questionado pelos jornalistas se o fato de o STF (Supremo Tribunal Federal) ter autorizado a investigação de Edinho Silva e do ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, implicava a campanha de Dilma na Lava Jato, ele concordou.

"Entendo que sim. O que eu tenho defendido é investigar, de maneira profunda, seriamente, rapidamente", respondeu, para logo em seguida acrescentar: "E, depois, cumprir a Constituição".

Além de Edinho e Mercadante, o STF também autorizou a abertura de inquérito sobre o senador tucano Aloysio Nunes (SP), sob a suspeita de que teria recebido recursos desviados da Petrobras em sua campanha em 2010.

Assim como Aécio, Alckmin defendeu o correligionário: "Investigação é para todos, mas ele já se defendeu. Não faz nenhum sentido que um dos líderes da oposição tivesse ascendência sobre os negócios da Petrobras".

O governador fez críticas à condução do país, na política e na economia, e afirmou que o governo "é o início e não a solução para a crise".

Sem citar o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, Alckmin avaliou que "não tem política monetária e política cambial que funcione com uma política fiscal errada". "É o momento de grandes reformas e de se repensar o Estado, que não cabe no PIB". Alckmin tem subido o tom de suas críticas ao PT com o objetivo de se firmar como alternativa para os tucanos na próxima eleição presidencial.

Num momento em que figuras influentes do Congresso trabalham pelo impeachment de Dilma, que abriria caminho para um governo sob liderança do vice-presidente Michel Temer (PMDB), Alckmin foi cauteloso. Disse que o vice tem "todas as qualificações", mas ressaltou que a crise é "governista" e demanda "reformas estruturais".

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