Haddad, perdido no espaço


Catia Seabra - Folha de S.Paulo


"Vocês querem me foder, querem me pintar como marionete do Lula. Mas estão enganados", desabafa Fernando Haddad ao reclamar de reportagem da Folha sobre a forte influência de seu patrocinador político no redesenho de sua equipe.

Haddad vive o dilema de quem rejeita a pecha de poste mas, passados 28 meses de sua administração, não imprimiu marca, nem luz própria, para proclamar sua independência.

Ele foge do rótulo "PT", tão recriminado nas ruas da cidade que governa. Mas depende de seu partido para tentar a reeleição. Sempre visita Lula, mas rechaça a imagem de tutelado.

Seus conselheiros estão divididos. Uns pregam total afastamento do PT. Outros advertem que sem o partido ele não chega a lugar algum.

Uns sugerem que invista na periferia [território ocupado pela senadora Marta Suplicy]. Outros, na classe média [campo minado para petistas].

Para aliados, o prefeito responsabiliza o PT pelos desagradáveis índices de rejeição. Já os petistas acreditam que ele é causa da péssima avaliação da presidente Dilma Rousseff na capital.

Flutuando entre opiniões, Haddad se agarra à proposta de criação de uma frente ampla com partidos e movimentos. A coalizão apagaria a sigla PT da disputa e ele se apresentaria como o candidato da frente.

Como é quase impossível compor a frente a tempo, Haddad não tem aonde ir. O prefeito é um homem perdido no espaço.

*Catia Seabra é repórter especial da Folha

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