Sozinho em uma sabatina que previa a presença dos três principais 
candidatos à presidência, o tucano José Serra utilizou o debate 
promovido pela Confederação Nacional da Agricultura (CNA) para criticar 
políticas que considera equivocadas no governo Lula, atacar sua 
principal adversária política na corrida presidencial, a petista Dilma 
Rousseff, e propor uma "taxa de sinceridade" para o período de campanha 
ao Palácio do Planalto.
Por diversas vezes atacou o Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST),
 entidade antagônica à CNA, acusando seus dirigentes de buscarem um novo
 regime de governo utilizando dinheiro público e ironizou a ex-ministra 
da Casa Civil e o presidente Lula, que em determinados eventos utilizam 
bonés do MST mas em outras oportunidades atacam atitudes dos sem-terra.
"É importante que o governo tenha uma taxa de sinceridade e coerência 
acima da média do próprio País. Nesse sentido, olhando agora na 
campanha, (...) acredito nessa taxa de coerência - veste um boné e na 
outra hora guarda na gaveta, uma hora diz uma coisa, outra diz outra, um
 hora diz que juro está muito alto, outro hora diz que tem que baixar, 
dependendo do público. É uma pena que a campanha não se desenvolva dessa
 maneira", disse o candidato.
 
Crítica recorrente do ex-governador de São Paulo, o "aparelhamento" do 
Estado brasileiro foi condenado por Serra, que chegou a classificar 
determinadas agências reguladoras como "pontos de ônibus". Ele fazia 
referência ao candidato do PT ao governo do Distrito Federal, Agnelo 
Queiroz, que, sem cargo público, se tornou diretor da Anvisa (Agência 
Nacional de Vigilância Sanitária) e depois deixou o posto para disputar 
as eleições. "Temos que estatizar o Estado brasileiro. Temos que 
estatizar as agências reguladoras, que foram apropriadas", disse.
Entre suas promessas, o tucano destacou a importância do diálogo para 
flexibilizar o conflito entre ambientalistas e agronegócio, a produção 
de organismos transgênicos e de defensores agrícolas genéricos em 
território brasileiro. Atacou o discurso governista ao chamar de 
descomunal a diferença entre promessas e ações do governo Lula e 
condenou o "tripé perverso" juros altos, altas cargas tributárias e 
baixa taxa de investimento governamental.
Entre os apoiadores de Serra presentes na sede da CNA, estão o recém 
oficializado vice de Serra, deputado Indio da Costa (DEM-RJ), o líder 
tucano na Câmara, João Almeida (BA), o articulador político de Serra, 
deputado Jutahy Magalhães (BA) e o presidente do PPS, Roberto Freire. A 
candidata do PT, Dilma Rousseff, alegou motivos de agenda para não 
participar do evento. A concorrente do PV, Marina Silva, se recusou a ir
 ao debate por não receber previamente as perguntas que a ela seriam 
formuladas.
Fonte: Laryssa Borges e Marcela Rocha - Terra
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