Prefeitura vende praça na Mooca


A Praça Alfredo Di Cunto, na Mooca, zona leste de São Paulo, mais conhecida como Praça das Flores, está com seus dias contados. O terreno de 6 mil metros quadrados, que fica na Avenida Alcântara Machado, é uma das 20 áreas municipais que a Prefeitura pretende vender para a iniciativa privada em troca de construção de creches. Mas o projeto enfrenta resistência dos comerciantes e moradores da região.

A decisão do Prefeito Gilberto Kassab (sem partido) foi publicada nesta quinta-feira no Diário Oficial da Cidade. Outro terreno na Mooca, onde funciona um depósito da Prefeitura, com cerca de 15 mil metros quadrados, também foi incluído no projeto. O valor venal dos dois imóveis, segundo a Prefeitura, é de R$ 10 milhões. A venda dos 20 terrenos pode render aos cofres da administração municipal cerca de R$ 480 milhões.

A Associação Amoamooca é contra o projeto e defende que o local seja preservado como um pequeno reduto de área verde que restou na região. “Parte do terreno poderia ser usada como praça de eventos”, afirmou o primeiro-secretário da associação, Pedro Felice Perduca. Segundo ele, o bairro tem uma grande concentração de moradores idosos, na faixa de 55 a 60 anos, e poucas opções de lazer. “Não é à toa que a Subprefeitura da Mooca criou o programa Bairro Amigo do Idoso. E agora o prefeito quer retirar um dos poucos espaços que sobraram para montar um parque e um centro de convivência para a terceira idade”, afirmou Perduca.

Em ofício enviado pelo prefeito ao presidente da Câmara Municipal de São Paulo, José Police Neto (sem partido), Kassab alega que o terreno não é utilizado pela administração municipal e sua “valorização imobiliária é incontestável, em virtude do desenvolvimento e da urbanização da região em que se situa”. Mas desde fevereiro a Praça das Flores é ocupada por uma escola-estufa, onde acontecem aulas práticas de agricultura, plantio e paisagismo.

Ex-subprefeito da Mooca, o atual presidente do PSDB no bairro, Eduardo Odloak, disse que a venda do terreno pode acabar com o projeto social. “Ali era uma área degradada e ajudamos a transformá-la numa área verde, onde acontece qualificação de jardinagem para a população carente e até moradores de rua”, disse o ex-subprefeito. Segundo ele, a Mooca é carente de áreas verdes e não pode contar com mais concreto. “É uma região árida. A diferença de temperatura chega a ser de dois graus a mais na época do verão. Já é uma região pouco arborizada. Esse projeto é um precedente ruim para a região”, lamentou Odloak. Durante a administração da prefeita Marta Suplicy, o local funcionou como horta comunitária. Foi transformado em viveiro e escola de jardinagem em 2008. Até o fechamentos desta edição a Secretaria Municipal de Desenvolvimento não se pronunciou.

Fonte: FABIANO NUNES - JT

Comentários

  1. Por que os moradores da região e bem comum não podem ser preservados? Será que neste momento crucial a decisão está apenas no seio do poder e ninguém pode fazer nada? As decisões matemáticas que não consideram o fator humano
    bastam?

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