Haddad descumpriu 9 de 10 metas para a saúde em SP, mostra auditoria


Tribunal de Contas aponta falhas em área elencada como prioridade pelo petista quando prefeito; trabalho foi ótimo, diz ex-chefe de pasta

Rogério Gentile

Resultado de imagem para HADDAD WELBI

Ao tomar posse na Prefeitura de São Paulo em 2013, Fernando Haddad (PT) afirmou que a saúde seria uma das prioridades da sua administração e que iria colocar a cidade "na vanguarda do serviço público de qualidade".

Uma auditoria realizada pelo Tribunal de Contas do Município após o término da gestão, no entanto, mostra que o hoje candidato a presidente não conseguiu cumprir 9 das 10 metas de governo que havia prometido para o setor da saúde na capital paulista.

Haddad, por exemplo, prometeu inaugurar três hospitais (Parelheiros, Brasilândia e Vila Matilde), mas, segundo a auditoria, não entregou nenhum deles, sendo que apenas 50% dos trabalhos previstos foram realizados.

Também afirmou que reformaria e melhoraria 20 prontos-socorros, usando como modelo conceitual as Unidades de Pronto Atendimento, além de implantar 5 novas Upas. Segundo relatório técnico do TCM, realizado entre fevereiro e março de 2017, o prefeito petista cumpriu apenas 22,5% dessa meta.

O cálculo sobre cumprimento das metas considera não apenas os projetos concluídos, mas também tudo o que foi feito naqueles que ainda estavam em construção. É o chamado "acompanhamento qualitativo das metas".

De acordo com a auditoria, o único objetivo efetivamente cumprido por Haddad foi o de implantar 12 novos consultórios de rua com tratamentos odontológicos e relacionados ao abuso de álcool e outras drogas.

Mesmo assim, os técnicos do tribunal ressalvam no documento que o projeto foi concluído antes da divulgação do Plano de Metas.

O melhor índice de cumprimento foi o de desenvolver o processo de inclusão do modelo de prontuário eletrônico na rede municipal de saúde. Segundo a auditoria, Haddad atingiu 92,5%.

Obrigatório por lei, o Plano de Metas foi divulgado por Haddad em outubro de 2013, mais de nove meses depois da posse. Um texto preliminar havia sido lançado em março daquele ano e discutido em 35 audiências públicas.

Ao final do governo, Haddad divulgou um balanço no Diário Oficial no qual afirmou que cumpriu 82,3% dos objetivos estabelecidos, considerando todas as áreas. 

Os números da saúde, porém, destoam dos apontados pelos auditores do TCM.

Haddad, por exemplo, disse que cumpriu 32% da meta de construir e instalar 30 centros de atendimento psicossocial.

"A meta não foi concluída em virtude do cenário de restrição orçamentária", justificou a administração, à época. Para o TCM, contudo, a taxa de cumprimento foi ainda menor, de apenas 14,5%. 

A diferença de entendimento entre o que Haddad diz ter feito e o que o TCM considera como tal se repete em praticamente todas as tarefas.

"A divergência ocorreu devido a alterações nos projetos inicialmente propostos, sem a devida justificativa e publicação", afirma o tribunal.

No caso dos hospitais, por exemplo, Haddad optou por entregar um hospital na Vila Santa Catarina, em vez do inicialmente previsto para a Vila Matilde. O TCM, porém, entende que não vale para efeito da meta prevista.

"O importante, evidentemente, é que um novo hospital foi efetivamente entregue", diz Mariana Almeida, que foi chefe de gabinete da Secretaria da Saúde de Haddad.

O hoje presidenciável foi prefeito entre os anos de 2013 e 2016, quando não conseguiu se reeleger, sendo derrotado pelo tucano João Doria.

Na auditoria, o TCM destaca ainda a queda da satisfação da população com a área da saúde. Afirma que em 2013, quando Haddad assumiu, a nota média geral dada pelo paulistano para a saúde era 4,9. Em 2016, caiu para 3,7.

Pesquisa realizada pelo Datafolha cerca de três meses antes da eleição municipal de 2016 mostrou que 79% dos paulistanos consideravam que Haddad havia feito menos do que o esperado na saúde. 

Para 11%, Haddad fez pela saúde o que esperavam que fizesse e somente 2% entendiam que o prefeito havia feito mais do que imaginavam.

Comentários