Alckmin é antilula que surgirá após estouro da bolha de Jair Bolsonaro


Lulismo é agenda eleitoral

ADRIANO OLIVEIRA - PODER360

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Por diversas vezes, neste espaço, frisei que o candidato Jair Bolsonaro é uma bolha eleitoral e que representa um incipiente antilulismo. Mantenho estas duas hipóteses, apesar de Bolsonaro “liderar” as recentes pesquisas eleitorais quando o Lula não está presente.

Bolsonaro é uma bolha em razão de que ele não manterá os seus atuais porcentuais de voto no decorrer da campanha. A bolha tende a estourar. E o classifico como um antilulismo incipiente em virtude de que, quando a bolha estourar, um antilula surgirá, o qual deverá ser Geraldo Alckmin.

Recentemente, em razão de pesquisa qualitativa, uma tese surgiu e ainda deve ser encarada como hipótese. Bolsonaro possui eleitores que têm curto-circuito mental quando informações são disponibilizadas a eles. Essa tese nasce do pensamento do psicólogo Daniel Kahneman. Para ele, o indivíduo utiliza dois sistemas mentais para emitir respostas, o Sistema 1 e o Sistema 2.

Ao usar o Sistema 1, o eleitor é rápido em sua resposta. Mas quando utiliza o Sistema 2, ele é parcimonioso para emitir opinião. Promovo o dialogo entre o raciocínio de Kahneman e a seguinte premissa da Economia comportamental: indivíduos podem sofrer “empurrões” que orientam as suas decisões. Deste modo, com a intenção de incentivar o eleitor a usar o Sistema 2 para emitir a sua resposta, “empurrões” são dados a ele. Especificamente, informações são ofertadas ao entrevistado.

Diante do resumido argumento teórico exposto, pesquisas qualitativas (grupos focais) e quantitativas, podem “dar” empurrões a eleitores dispostos a escolherem Bolsonaro para presidente da República. Informações são ofertadas ao eleitor. Na prática, como isto funciona?

Quando o eleitor mostra disposição em votar em Bolsonaro, nova indagação é feita a ele. Mas desta vez, a pergunta vem acompanhada de uma informação negativa sobre Bolsonaro. É em razão desta que o eleitor de Bolsonaro revela curto-circuito mental.

A hipótese que tenho para explicar este processo é simples: O eleitor de Bolsonaro, ainda não sei quantos, utiliza apenas o Sistema 1 para optar por escolhê-lo como futuro presidente da República. Entretanto, diante de uma informação negativa sobre o candidato do PSL, o eleitor utiliza o Sistema 2 e opta por rejeitá-lo.

A tese do eleitor curto-circuito pode ser utilizada para qualquer outro competidor. Entretanto, observo que os eleitores de Bolsonaro não são convictos quanto à escolha dele para presidente. E sendo assim, eles podem mudar o voto para outro candidato.

O cenário eleitoral que insisto em apresentar é: o lulismo, por ser uma agenda na sociedade, tem eleitores convictos e estará no 2° turno da disputa presidencial. E Geraldo Alckmin, em razão da estrutura da campanha e da moderação, conquistará eleitores indecisos e parte dos eleitores de Bolsonaro. Neste caso, os eleitores que sofrerão curto-circuito mental em razão das estratégias eleitorais dos opositores de Bolsonaro.


*Adriano Oliveira, 42 anos, é doutor em Ciência Política. Professor do Departamento de Ciência Política da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco). Sócio da Cenário Inteligência. Escreve para o Poder360 mensalmente.

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