Em Brasília, Alckmin faz gesto de aproximação a Rodrigo Maia


Apoio do DEM ao ex-governador pode unir centro político à candidatura do PSDB

BRUNO GÓES - O GLOBO

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin, durante sessão solene no plenário 
Foto: Givaldo Barbosa/Agência O Globo


Pré-candidato à Presidência da República pelo PSDB, Geraldo Alckmin desembarcou nesta quarta-feira em Brasília para fazer um gesto político de aproximação ao DEM. Durante duas horas e meia, o ex-governador de São Paulo ficou sentado na mesa da Câmara dos Deputados ouvindo as homenagens a Luiz Eduardo Magalhães, ex-presidente da Câmara e figura importante no partido, morto em decorrência de um infarto em 1998, aos 43 anos.

Durante a sessão solene, Alckmin chegou a chamar o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), também pré-candidato ao Planalto, de "Rodrigo Maia Magalhães". Sem força para decolar nas pesquisas e com 1% das intenções de voto nos últimos levantamentos, Maia, se tiver disposição, pode unir o centro político para dar maior sustentação à candidatura de Alckmin.

— O partido Democratas é um partido que nós temos uma grande afinidade, respeitamos. Então, independente da questão presidencial, de disputa, temos um grande apreço do Democratas. Tenho um grande apreço pelo Rodrigo Maia. Até brinquei com o Rodrigo Maia: (na sessão) estavam sendo muito destacadas as qualidades, as virtudes, do Luiz Eduardo Magalhães. Como um homem do diálogo, da construção de consenso, da modernização do país, da implementação de soluções. Eu falei: "Olha, você é o Rodrigo Maia Magalhães, porque você tem o mesmo estilo".

Na terça-feira, pesquisa Ibope mostrou que o ex-governador — Alckmin renunciou para disputar as eleições — está empatado com Jair Bolsonaro em São Paulo, com 14% das intenções de voto para a Presidência. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ainda aparece em primeiro lugar, com 20%. Perguntado sobre o resultado em seu próprio reduto eleitoral, minimizou o assunto:

— Pesquisa retrata o momento, nada mais do que isso. A campanha só começa depois das convenções, a partir de julho. Há dois ansiosos na vida: os políticos e os jornalistas.

De posse de pesquisas que indicam a possibilidade de crescimento para candidatos moderados, Alckmin demostrou que a crítica ao "radicalismo" será uma tecla a ser batida durante a pré-campanha. Durante a sessão, Luiz Eduardo Magalhães foi elogiado até mesmo por opositores, como Orlando Silva (PCdoB-SP) e Arlindo Chinaglia (PT-SP). E assim Alckmin justificou sua presença à sessão desta terça-feira:

— Primeiro um reconhecimento ao Luiz Eduardo Magalhães, com quem convivi na Constituinte e depois no mandato subsequente. Figura corajosa, coerente, do diálogo. Hoje, no Brasil, faz falta num momento de radicalismo. A gente precisa fazer política com civilidade, com entendimento. É o que o Brasil precisa. Precisamos unir o Brasil para superar os desafios que estão aí pela frente.

Questionado sobre a situação do ex-governador de Minas Gerais Eduardo Azeredo, que teve a condenação em segunda instância confirmada e pode ser preso em breve, Alckmin lamentou a circunstância, mas ressaltou:

— A Justiça é para todos.

Depois da homenagem, Alckmin seguiu para reunião com deputados da bancada do PSDB. Na próxima semana, o ex-governador viaja para três estados com o objetivo de turbinar sua pré-campanha: Minas Gerais, Espírito Santo e Maranhão.

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