Gestão Doria quer remover favela fonte de drogas para cracolândia de São Paulo



A Prefeitura de São Paulo pretende remover as famílias que moram na favela do Moinho, apontada pela polícia como a principal fornecedora de drogas para a cracolândia do centro de São Paulo.

O projeto se tornou uma das prioridades da gestão João Doria (PSDB). O objetivo é sufocar o fluxo de usuários localizado a cerca de 1 km.

Ainda sem prazo para ser colocado em prática, o projeto está em fase de estudos. Técnicos da Cohab (Companhia Metropolitana de Habitação de São Paulo) estão atualmente em busca de imóveis subutilizados no entorno para abrigar as famílias.

Prevista desde 2008, a remoção dos moradores da favela ganhou sinal verde de Doria há cerca de duas semanas, durante reunião sobre o programa anticrack da prefeitura, o Redenção. O prefeito disse aos secretários ser fundamental uma ação definitiva no local. "A questão da cracolândia fez o projeto subir na escala de prioridades", diz Edson Aparecido, diretor presidente da Cohab.


Para garantir a retirada das famílias da favela e evitar novas ocupações no local, o projeto em parceria com a CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) foi retomado.

A companhia é vinculada ao governo do Estado e estuda usar o terreno para ampliar a estação Júlio Prestes, ao lado da cracolândia. A área seria usada para manobras e estacionamento dos trens. Segundo a companhia, há também estudo em curso para a implantação de uma nova estação na região central, "cuja localização exata depende da interlocução com outros órgãos, inclusive a prefeitura", diz, em nota.

Em maio, uma semana após a ação policial que dispersou a antiga cracolândia, Alckmin fez uma visita surpresa aos moradores. Em conversas na entrada da favela, disse a eles que um conjunto habitacional localizado a 12 km da favela está quase pronto. O local deve ser oferecido aos moradores do Moinho que aceitarem morar ali –está prevista a entrega de mil unidades.

Além de desmobilizar o tráfico de drogas, o projeto visa também a segurança da circulação dos trens. Segundo a prefeitura, técnicos da CPTM identificaram barracos muito próximos da linha férrea que foram ampliados e estão colocando os moradores em risco. "O reassentamento é inevitável", diz Aparecido.

É interesse da companhia remover as famílias já que a proximidade dos barracos com a linha do trem faz com que muitas vezes a circulação da linha 8-diamante seja interrompida nesse trecho. Ainda não está definido o modelo de financiamento da construção das unidades, mas está descartada a concessão de auxílio-aluguel às famílias. "Estamos com o orçamento todo comprometido", diz diretor da Cohab.

Pertencente a duas empresas privadas, o terreno onde está a favela foi leiloado em 1999 para pagar dívidas de IPTU (imposto predial) do antigo proprietário, a RFFSA (Rede Ferroviária Federal). Moradores entraram com uma ação coletiva de usucapião em 2008, o que foi acatado em decisão liminar na 17ª Vara Federal de São Paulo até o julgamento. 

FONTE: MARIANA ZYLBERKAN - FOLHA.COM

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