Janot denuncia Temer ao Supremo sob acusação de corrupção passiva


LETÍCIA CASADO E CAMILA MATTOSO - FOLHA.COM

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O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, denunciou o presidente Michel Temer e seu ex-assessor Rodrigo da Rocha Loures ao STF (Supremo Tribunal Federal), nesta segunda-feira (26), sob acusação de corrupção passiva.

Segundo Janot, o peemedebista foi o destinatário final de uma mala contendo propina de R$ 500 mil e de uma promessa de outros R$ 38 milhões em vantagem indevida, ambas da empresa JBS.

O intermediário das operações foi, segundo Janot, Rocha Loures, preso desde o dia 18 de maio e filmado pela polícia correndo com a mala contendo os R$ 500 mil. A informação de que a denúncia ligaria Temer à mala com propina foi antecipada pela Folha no último dia 11.

Janot pede que o presidente seja condenado a pagar R$ 10 milhões por danos morais à coletividade. Já o ex-assessor de Temer, R$ 2 milhões.

É a primeira vez que um presidente da República é acusado formalmente de crime desde Fernando Collor, denunciado pela PGR sob acusação de corrupção quando estava afastado da Presidência e aguardava julgamento final de seu processo de impeachment no Senado. Collor acabou absolvido.

O procurador afirma que Temer "recebeu para si", por meio de Loures, a "vantagem indevida de R$ 500 mil ofertada" por Joesley Batista, sócio da JBS, e entregue na mala.

De acordo o procurador, o presidente recebeu os recursos "entre os meses de março a abril de 2017, com vontade livre e consciente" e "valendo-se de sua condição de chefe do Poder Executivo e liderança política nacional".

A PGR diz ainda que, "além do efetivo recebimento do montante espúrio mencionado", Temer e Loures "em comunhão de esforços e unidade de desígnios, com vontade livre e consciente, ainda aceitaram a promessa de vantagem indevida no montante de R$38 milhões".

A partir de agora, o ministro Edson Fachin, relator do inquérito no STF, deve decidir quando enviará a denúncia à Câmara dos Deputados, que precisa dar o aval para o Supremo decidir se abre ou não um processo contra o presidente. Para a autorização ser aprovada, são necessários os votos de pelo menos 342 deputados.

Se a ação penal for aberta, Temer se transforma em réu no Supremo, podendo então ser condenado ou absolvido ao seu final. A pena por corrupção passiva vai de 2 a 12 anos de prisão. O presidente tem negado as acusações.

Janot diz que Joesley Batista e Ricardo Saud, da JBS, não são alvos da denúncia em razão do acordo de delação premiada homologado pelo STF.

A denúncia por corrupção é baseada nas tratativas de Loures para receber os recursos da JBS e favorecer a empresa no Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica).

Segundo a PGR, houve "intervenção ilícita" dos denunciados para ajudar o frigorífico no órgão do governo. O procurador-geral afirma que "não há dúvida, portanto, de que o delito perpetrado pelos imputados Michel Temer e Rodrigo Loures, em comunhão de ação e unidade de desígnios, causou abalo moral à coletividade".

"Os crimes praticados à sorrelfa, valendo-se de seus mandatos eletivos, possuem alto grau de reprovabilidade", diz Janot.

Temer e Loures, ressalta o procurador, "desvirtuaram as importantes funções públicas que exercem, visando, apenas, ao atendimento de seus interesses escusos".

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