Em viagem a Dubai, Doria procura investidores até para o Estado de SP


DIOGO BERCITO - FOLHA.COM


O prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), espera que seus esforços em busca de investidores árabes ao município atraiam também capital para o restante do Brasil.

Doria está nos Emirados Árabes desde o domingo (12) para promover seu programa de privatizações, que inclui 55 lotes. Os mais vistosos são: Anhembi, Pacaembu e Interlagos. Ele viaja a Doha na quarta (15) para reuniões com o governo do Qatar.

Não há expectativa de fechar negócios durante o tour. Mas sua passagem, afirma, serve para assegurar investidores sobre a estabilidade política da cidade e do país –a despeito do impeachment recente e dos escândalos de corrupção.

Ele afirmou à Folha que o fundo ICD (Corporação de Investimento de Dubai), com que se reuniu na terça-feira (14), perguntou por projetos na cidade mas também no Estado de São Paulo.

"Eles demonstraram um vivo interesse na área do agronegócio. Não está no nosso escopo, mas vamos falar com o governador sobre essa demanda específica."

Procurado pela Folha, o ICD confirmou seu interesse. Mas o fundo, com portfólio de US$ 200 bilhões, ainda não está satisfeito com o ambiente de negócios no Brasil.

"No clima atual de alta inflação e a recente desvalorização da moeda, o mercado não é exatamente encorajador", disse Khalifa AlDaboos, CEO do ICD. O fundo já esteve no Brasil para prospecção.

A tarefa do prefeito de convencer investidores contou com a colaboração do embaixador brasileiro nos Emirados Árabes, Paulo Cesar Meira de Vasconcellos.

Ele acompanhou Doria em parte dos encontros, repassando a fundos e bancos a mensagem de que o Brasil ruma para um futuro mais estável.


CIDADE LINDA

Doria repetiu o argumento em um discurso de dez minutos no World Government Summit, um encontro voltado à gestão pública. Esse evento custeou a viagem dele a Dubai e Abu Dhabi.

Ele apresentou de maneira resumida algumas estatísticas da cidade e quais lotes serão privatizados. Ele mencionou também o projeto de zeladoria Cidade Linda.

Os empecilhos a essas privatizações, como o tombamento do Pacaembu ou a impossibilidade de fazer concertos naquele estádio, não foram mencionados ali.


OTIMISMO

O prefeito planeja levar seu "road show" aos EUA em maio. O programa de privatizações, excluindo o PPP (parceria público-privada) da iluminação, representa um potencial de R$ 7 bilhões, segundo Doria. "É uma estimativa otimista, reconheço."

A viagem pelos Emirados incluiu encontros com bancos e fundos de investimento. As câmaras de comércio de Dubai e Abu Dhabi devem enviar comitivas para São Paulo em março e em maio.

A verba será investida apenas em educação, saúde e obras públicas, afirma, com resultados ainda durante este governo, diz Doria.

"Os indicadores são bons. Temos maioria na Câmara e uma relação aberta com o tribunal de contas", afirma.

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