'Tatuzão' vai perfurar túnel e estacionamento do metrô sob rio Tietê


ESTÊVÃO BERTONI E LUCIANO VERONEZI - FOLHA.COM



Um comerá terra enquanto caminha para o sul de São Paulo; o outro irá devorar rocha rumo ao norte da capital.

A partir do primeiro semestre de 2017 dois tatuzões vindos da China, cada um com um "regime alimentar" próprio, irão zanzar de dois a três anos sob a terra para construir a linha 6-laranja do metrô.

A primeira perfuração ocorrerá sob o Tietê, onde um túnel de 250 m de extensão será feito 14 m abaixo do rio.

Só daquele ponto serão removidos, nos quatro meses da obra, 22 mil m³ de argila e areia, volume capaz de encher nove piscinas olímpicas.

Ao lado da passagem aberta sob o Tietê pelos "bichos" mecânicos, será construído ainda, em 15 meses, outro túnel, mas com escavadeiras.

Servirá de estacionamento de trens, que serão liberados nos horários de pico. Espera-se um fluxo, em toda a linha, de 633 mil pessoas por dia.

Da região do Tietê, os tatuzões (de cerca de 100 m cada um, o tamanho de um quarteirão) partirão simultaneamente para as extremidades.


Por onde passa, o shield, como é chamado o equipamento, deixa para trás o túnel já pronto. Ao perfurar o solo, ele instalará os 7.300 anéis de concreto que revestirão o caminho dos trens. São nesses anéis que a máquina se apoia para andar.

Os tatuzões (o primeiro já chegou ao país pelo porto de São Sebastião) vão conectar os passageiros da Brasilândia, na zona norte, à estação São Joaquim da linha 1-azul, no centro, em 23 minutos -o trajeto de carro ou ônibus leva cerca de uma hora e meia.

Mas isso só em 2021, que é quando a linha de 15,3 km, sobre a qual correrão 22 trens (parando de quilômetro em quilômetro em 15 estações) deverá ficar pronta, a um custo de R$ 9,9 bilhões. Em 2008, o governo de SP havia anunciado sua entrega para 2012.

Ao fim, terão sido retirados do chão da capital 3 milhões de m³ de terra e 1 milhão de m³ de rocha. Daria para encher 1.600 piscinas olímpicas.

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