Temer corta R$ 11,2 mi em contratos de sites pró-PT


NELSON DE SÁ - FOLHA.COM

A Presidência, ocupada pelo interino Michel Temer (PMDB), confirmou a suspensão da publicidade federal em sites próximos à presidente afastada, Dilma Rousseff (PT), como "Brasil 247", "Diário do Centro do Mundo" e "Carta Maior".

"Do ponto de vista da comunicação, o governo estava anunciando somente em blogs que refletiam parte da opinião pública, não representando a multiplicidade das opiniões", afirmou o Palácio do Planalto, em resposta escrita à Folha.

O corte totaliza R$ 11,2 milhões, de contratos com validade de um ano que teriam sido firmados pouco antes do afastamento de Dilma. Englobam repasses de administração direta, como ministérios, e indireta, como empresas e bancos estatais.

A verba deverá ser distribuída por outros veículos. "Como é impossível obter essa representação ideal [da multiplicidade de opiniões], o governo definiu como prioridade somente produtos que tenham cunho jornalístico, de interesse público", afirmou o Planalto.

Inicialmente isentos do corte, os repasses para os sites "Congresso em Foco" e "Observatório da Imprensa" também acabaram sendo bloqueados, após uma análise jurídica, segundo a Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom).

Os R$ 11,2 milhões teriam sido resultado de um primeiro pente fino, sobre contratos mais recentes, e novos bloqueios poderão acontecer.

Paralelamente, o Tribunal de Contas da União (TCU) vem fazendo uma auditoria nos gastos com publicidade de 2015/2016.

O valor bloqueado até agora, na verdade, é irrisório perto dos dispêndios anuais com publicidade federal.

Em 2015, o total gasto pelo governo Dilma, sob comando da Secom, foi de R$ 1,86 bilhão. A maior parte foi para TV, R$ 1,23 bilhão.

A Secom não quis detalhar os dados relativos aos R$ 11,2 milhões, mas a Folha confirmou as informações, que foram publicadas pelo site "O Antagonista".

Os repasses incluem, além dos sites citados, títulos como "Conversa Afiada", "SRZD", "Opera Mundi" e "Viomundo".

'CENSURA'

Também atingido pelos cortes, Luis Nassif, editor do site "GGN" e do blog que leva seu nome, diz que, "à medida que o governo define claramente que blogs ou sites críticos a ele não podem ter publicidade de bancos, a Secom agora está atuando politicamente".

"Nós estamos sofrendo um processo de censura", afirma Nassif, acrescentando que os contratos de publicidade com os bancos federais vêm do governo FHC. "Esse relacionamento com Banco do Brasil e Caixa é muito mais antigo do que o governo do PT."













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