Educadoras ligadas ao PSDB assumem altos cargos na Educação e Cultura


PAULO SALDAÑA - FOLHA.COM

Maria Helena Guimarães de Castro, que integra a equipe do ministério da Educação e Cultura
Danilo Verpa/Folhapress 

Os dois nomes confirmados até agora em cargos-chave no MEC (Ministério da Educação e Cultura) indicam que o PSDB terá presença marcante nos rumos da pasta e na política educacional do governo do presidente interino Michel Temer (PMDB). As educadoras Maria Helena Guimarães de Castro e Maria Inês Fini foram confirmadas na equipe do ministro Mendonça Filho (DEM).

Nomes fortemente ligados ao setor de educação do PSDB, elas assumem, respectivamente, a secretaria-executiva da Educação e a presidência do Inep, órgão responsável pelo Enem. As duas atuaram juntas no Inep durante o governo FHC e na Secretaria da Educação do Estado de São Paulo no governo José Serra.

Dentro do MEC, houve alívio pelo fato de ambas terem longa trajetória na área. Por outro lado, depois de 13 anos de gestão petista, as orientações da política educacional do PSDB não foram bem recebidas internamente. Juntas, Maria Inês e Maria Helena foram responsáveis, por exemplo, pela adoção do sistema de bonificação de professores por mérito na rede estadual paulista em 2008.

A aplicação do bônus em todo país é uma das propostas de Temer para a educação. Críticos do sistema dizem que não há evidências sólidas sobre a ligação entre o bônus e a melhoria no aprendizado. São Paulo teve alta no último ano no Idesp, indicador de qualidade da rede, mas os resultados estão estagnados em níveis baixos há alguns anos.

A educadora Maria Inês Fini, que integra a equipe do ministério da Educação e Cultura

Para Priscila Cruz, do Movimento Todos pela Educação, "as duas são das pessoas que mais conhecem de política educacional no país. Depois do receio de não ter um ministro ligado à educação, a confirmação do nome delas é muito positiva."

Maria Helena e Maria Inês foram pesquisadoras da Unicamp. No Inep, participaram da criação do Enem. Na pasta da Educação paulista, também foram responsáveis pela formulação do currículo –assunto prioritário no MEC por causa da definição da Base Nacional Comum Curricular. O documento vai prever o que os estudantes devem aprender na educação básica.

Para o diretor da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Daniel Cara, as duas têm competência na área, embora suas visões divirjam das do movimento.

"Pelos estudos nacionais e internacionais, a bonificação por mérito não se mostra um bom caminho", diz ele. "Espero que, com elas, o MEC faça valer o que está previsto no Plano Nacional de Educação."

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