Líder do PSDB quer incluir em pedido de impeachment fatos da Lava Jato


DÉBORA ÁLVARES, LEANDRO COLON E MARIANA HAUBERT - FOLHA.COM

Alan Marques - Folhapress 
O líder do PSDB no Senado, Cássio Cunha Lima (PB), em sessão de CPI em 2012

O líder do PSDB, Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), afirmou na reunião da comissão do impeachmentdesta sexta-feira (29) que pedirá a inclusão de informações relacionadas à operação Lava Jato, como previa a denúncia original protocolada na Câmara.

Segundo Cunha Lima, houve um acordo velado entre o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a quem coube deflagrar o processo de impeachment, e Dilma. O tucano afirma que nenhum deles tinha interesse na continuidade da Lava Jato.

Cunha não acataria os trechos que mencionam Dilma e a Lava Jato na denúncia do impeachment. Enquanto isso, o Palácio do Planalto barraria a continuidade da operação sobre o peemedebista, acusado de corrupção e lavagem de dinheiro.

"Vamos discutir a inclusão da parte excluída na Câmara, fruto do acordo de Dilma com o presidente da Câmara, porque ambos não tinham interesse da inclusão da Lava Jato", disse Cássio.

Para o ministro da AGU (Advocacia-Geral da União), José Eduardo Cardozo, a intenção de colocar outros fatos neste momento significa "querer desestabilizar e matara possibilidade de defesa". "Não sei do que ela está sendo acusada [no âmbito da Lava Jato]. Não há nenhum inquérito aberto contra ela. A elaboração da defesa só pode ser feita se eu sei exatamente do que estou sendo acusado e ela está sendo acusada de decretos e da situação do banco Safra".

O advogado-geral da União também reiterou o que o governo tem repetido desde que Cunha acatou, em dezembro de 2015, o pedido de impeachment de Dilma. "Quando a oposição retira o apoio, ele [Cunha] ameaça o governo e foi o que aconteceu. Ele indeferiu o que era anterior ao atual mandato".

O líder do governo no Senado, Humberto Costa (PT-PE), também reagiu à intenção do senador tucano de ampliar a denúncia. "Essa proposição é porque esses dois pontos que ai estão são indefensáveis para que façam com que uma cidadã brasileira seja submetida à maior pena que se possa aplicar. Porque não propuseram isso na Câmara? Porque não recorrem ao Supremo para ampliar?"

Cássio Cunha Lima não disse quando pretende pedir a inclusão dos trechos que fazem referência à presidente no âmbito da Lava Jato.


DEMANDA

A intenção do senador atende demanda levantada durante sessão desta quinta (28), quando uma das autoras do pedido, Janaína Pascoal defendeu que os parlamentares levassem em conta na análise do processo de impeachment as informações da Lava Jato constantes no texto original. "Estou dizendo que vocês são competentes para analisar o texto na íntegra", afirmou Janaína.

O processo em análise pelos senadores trata apenas das pedaladas fiscais de 2015 e a edição de decretos suplementares editados no mesmo ano.

A denúncia original fala da compra, pela Petrobras, da refinaria de Pasadena, nos EUA, quando Dilma presidia o Conselho de administração da estatal.

O texto, contudo, diz que o episódio foi apenas "a ponta do iceberg". Menciona ainda a proximidade da petista com Paulo Roberto Costa, ex-diretor da estatal e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que afirma, "se transformou em verdadeiro operador da empreiteira intermediando seus negócios junto a órgãos públicos".

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