Delcídio entrega Dilma e Lula em delação premiada, diz revista


Folha.com

Em delação premiada à força-tarefa da Operação Lava Jato, o senador Delcídio do Amaral (PT-MS) revelou que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva mandou comprar o silêncio de Nestor Cerveró e de outras testemunhas. As informações foram publicadas pelo site da revista "Istoé", que publicou reportagem com trechos do acordo de delação de Delcídio.

De acordo com os documentos publicados pela revista, o senador também diz que Dilma Rousseff usou sua influência para evitar a punição de empreiteiros, ao nomear o ministro Marcelo Navarro para o STJ (Superior Tribunal de Justiça).

Segundo a reportagem, o ministro Teori Zavascki, do STF (Supremo Tribunal Federal), decidirá se homologa ou não a delação.

A intenção do parlamentar, ao pedir o prazo, era escapar de um processo de cassação no Conselho de Ética do Senado. Em seu relato, Delcídio cita outros senadores e deputados, tanto da base aliada quando da oposição.

Segundo a publicação, Delcídio revelou que Dilma tentou três vezes interferir na Lava Jato com a ajuda do ex-ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo.

"É indiscutível e inegável a movimentação sistemática do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e da própria presidente Dilma Rousseff no sentido de tentar promover a soltura de réus presos no curso da referida operação", afirma o senador.

O senador diz, segundo a revista, que a terceira investida de Dilma contra a Lava Jato foi a nomeação do desembargador Marcelo Navarro para o STJ. "Tal nomeação seria relevante para o governo", pois o nomeado cuidaria dos "habeas corpus e recursos da Lava Jato no STJ", conta Delcídio.

De acordo com a revista, Delcídio diz que Lula pediu "expressamente" para que ele ajudasse o pecuarista José Carlos Bumlai, porque o empresário estaria implicado nas delações de Fernando Baiano e Nestor Cerveró. Para o senador, Bumlai tinha "total intimidade" e exercia o papel de "consigliere" da família Lula, expressão em italiano que remete aos conselheiros dos chefes da máfia italiana.

"No caso, Delcídio intermediaria o pagamento de valores à família de Cerveró", afirma o acordo de delação.

Na conversa com o ex-presidente, de acordo com outro trecho da delação, Delcídio diz que "aceitou intermediar a operação", mas lhe explicou que "com José Carlos Bumlai seria difícil falar, mas que conversaria com o filho, Maurício Bumlai, com quem mantinha boa relação".

Depois de receber a quantia de Maurício Bumlai, a primeira remessa de R$ 50 mil foi entregue em mãos pelo próprio Delcídio ao advogado de Cerveró, Edson Ribeiro, também preso pela Lava Jato.

CRÍTICAS

O presidente do PT, Rui Falcão, disse a interlocutores que não pretende se manifestar sobre os termos da delação premiada de Delcídio.

Reunida em São Paulo, a cúpula do PT definiu como estratégia, porém, desqualificar o teor das acusações, alegando que o senador está magoado com o partido.

A decisão, até agora, é de não se manifestar formalmente e de responder apenas se for oficialmente questionado.

A informação sobre a delação caiu como uma bomba na reunião da executiva nacional do PT.

O encontro foi convocado para debater estratégia para as eleições municipais. Mas a notícia mudou a pauta da reunião.

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