OAS pagou móveis de cozinha do sítio frequentado por Lula, diz testemunha


Folha.com


Um funcionário da empresa que vendeu móveis para a cozinha do sítio frequentado pelo ex-presidente Lula disse que a compra foi paga em dinheiro vivo pela empreiteira OAS, segundo reportagem do jornal "O Estado de S. Paulo".

Segundo o depoimento, os móveis foram encomendados por um ex-executivo da OAS chamado Paulo Gordilho.

A compra foi feita na Kitchens, uma loja sofisticada de São Paulo, e consumiu R$ 180 mil, de acordo com o depoimento do funcionário da empresa, que ocupa o cargo de gerente. O nome do profissional está sendo mantido em sigilo pelo Ministério Público.

Apesar de a empreiteira ter pago a conta, o ex-executivo da OAS pediu que a nota fosse emitida em nome de Fernando Bittar, segundo o gerente.

O sítio de Atibaia, no interior de São Paulo, está em nome de Bittar e Jonas Suassuna, sócios de Fábio Luís, filho do ex-presidente Lula. Investigadores da Operação Lava Jato, no entanto, começaram a investigar o imóvel por causa da suspeita de que pertença de fato a Lula. O ex-presidente afirmou em nota divulgada no último dia 30 que frequenta o sítio, mas não é dono da propriedade.

O sítio tem 173 mil metros quadrados, o equivalente a 24 campos de futebol, e foi comprado por R$ 1,5 milhão.

Segundo o depoimento do gerente da Kitchens, a empresa acreditava que Fernando Bittar fosse um executivo da empreiteira. "Para a empresa Kitchens, o tal Fernando Bittar seria um diretor da OAS, uma vez que o projeto inicial e o orçamento foram solicitados pela OAS, além da intermediação e pagamento".

O gerente da Kitchens contou ao Ministério Público que a empresa não foi autorizada a entrar no sítio para fazer as medições para a instalação dos móveis, o que é inusual. Os móveis foram projetados a partir da planta do imóvel, ainda de acordo com o funcionário.

O contrato para os móveis foi assinado fora da Kitchens, contou o gerente ao Ministério Público, o que seria um indício de que os verdadeiros compradores não queriam aparecer.

O site "O Antagonista" publicou as primeiras informações de que os móveis da cozinha do triplex no Guarujá e do sítio em Atibaia foram pagos pela OAS.

No caso da cozinha do triplex do Guarujá, a OAS teve uma atitude diferente, afirmou o gerente: os pagamentos foram feitos por meio de transferência bancária.

A Folha revelou na última quinta (4) que uma espécie de consórcio informal fez as obras do sítio, segundo profissionais ouvidos pela reportagem e depoimentos colhidos pelo Ministério Público. OAS, Odebrecht e o pecuarista José Carlos Bumlai bancaram a reforma no imóvel.

Bittar não quis comentar o depoimento do funcionário da Kitchens, segundo a reportagem de "O Estado de S. Paulo". Procurada pela Folha, a assessoria da OAS não foi localizada para comentar o depoimento do gerente da Kitchens.

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