Atento à periferia, Andrea Matarazzo acredita enfrentar Haddad no segundo turno


Rafael gregório - Folha.com


Segura o celular com as duas mãos na direção do altar do século 17, bate a palma do indicador na tela onde a imagem mira São Jorge, prende o fôlego, aperta o botão vermelho: "click". Ato contínuo, publica a foto no Instagram com legenda e hashtags: "Altar todo em madeira da Capela de São Miguel Arcanjo de 1622. Em São Miguel Paulista. #sp #cidade #zonaleste #matarazzo #2016".

É um entre mais de 1.600 "posts" desde 2011 do vereador Andrea Matarazzo, 59, entre registros de amigos e apoiadores e de cenários da cidade.

A fase é mesmo de foco e interação. O empresário e radialista, que já lançou um livro (Cosac Naify, 2012) com as fotos de celular, vive no Morumbi, é casado e pai de dois filhos. Apresenta um programa semanal na rádio Capital e, entre outros cargos, foi secretário de Energia na gestão Mário Covas e ministro-chefe da secretaria de Comunicação da Presidência de Fernando Henrique Cardoso.

Juntas, experiência, fotos e andanças miram fortalecer sua imagem-plataforma: um administrador veterano, conhecedor das coisas e pessoas de São Paulo e atento à periferia.

Sobrinho-bisneto orgulhoso do industrial Francisco Matarazzo (1854-1937), o Conde, ícone da imigração italiana no século 19, ele tem apoios de peso, como dos senadores Aloysio Nunes e José Serra, além de FHC.

Aposta também em dobradinha com o governo do Estado (o tucano Geraldo Alckmin fica até 2018) para melhorar os serviços públicos, em especial o de saúde. Alckmin, aliás, sinalizou apoio a João Doria Jr., mas recebeu Matarazzo há duas semanas.

O desafio de afastar a má impressão que Serra causou ao abandonar o posto de prefeito, em 2006, após um ano e três meses no cargo, é também uma chance de atacar os adversários: "Eu me preparo para ser prefeito há pelo menos dez anos e atuo no partido desde 1995. São Paulo pode ser ponto de partida para alguns, mas para mim é o de chegada".

A disputa interna não o incomoda. E ele prevê que Haddad, a quem chama de Fernando, será seu adversário. "É quem vou derrotar no segundo turno, apesar da gestão muito ruim: a cidade está abandonada."

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