Cunha pediu R$ 52 mi em propina para liberar verba de fundo para empresas


Segundo delatores, deputado recebeu repasses no exterior em troca da liberação de verbas do FI-FGTS para empresas

MURILO RODRIGUES ALVES - O ESTADO DE S.PAULO


O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), teria pedido R$ 52 milhões em propinas para liberar verbas do Fundo de Investimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FI-FGTS) para empresas e recebido valores em contas até agora desconhecidas na Suíça e em Israel. A suspeita, baseada no depoimento de dois delatores, consta de documentos da Procuradoria-Geral da República revelados pela revista 'Época'.

Segundo a reportagem, Ricardo Pernambuco e Ricardo Pernambuco Júnior, da empreiteira Carioca Engenharia, que fizeram acordo de delação premiada, disseram ter transferido valores para o deputado. A Procuradoria-Geral da República diz, de acordo com a revista, que juntou provas de pagamentos de R$ 52 milhões em propina.

A reportagem afirma que os delatores relataram até os centavos de propina que teria sido paga para receber R$ 3,5 bilhões do FI-FGTS para uma obra no Rio. A empresa participava do consórcio do projeto de revitalização do Porto Maravilha e esperava a verba para tocar a obra. Os delatores disseram que a propina foi pedida diretamente por Cunha, sem intermediários.

Ainda segundo a revista, o empreiteiro Léo Pinheiro, da OAS, trocou mensagens diretamente com o presidente da Câmara sobre a liberação de valores do fundo. As informações foram enviadas ao ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal. “Eduardo Cunha se valia de sua influência sobre Fábio Cleto para aprovar a liberação dos investimentos do FI-FGTS e cobrava valores dos empresários interessados”, diz a Procuradoria, conforme a reportagem. Cleto foi indicado por Cunha para administrar as loterias e o FGTS numa diretoria da Caixa e foi exonerado semana passada. A revista procurou o advogado de Cunha, Alexandre Garcia de Souza, que disse não ter tido acesso ao material e que não se manifestaria.

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