Polícia investiga sítio usado por Lula


Flávio Ferreira e Graciliano Rocha - Folha.com


A Polícia Federal investiga se a empreiteira OAS beneficiou a família do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao pagar por obras feitas em um sítio no interior de São Paulo que é frequentado pelo petista e seus parentes.

A apuração faz parte de um pedido de perícia contábil para saber se a OAS fez repasses de propinas para políticos, agentes públicos e partidos políticos em operações de lavagem de dinheiro.

Com 150 mil m², o sítio fica na cidade de Atibaia (SP) e está registrado em nome dos empresários Jonas Suassuna e Fernando Bittar –ambos sócios de Fábio Luís da Silva, filho do e­­x-presidente.


Além do requerimento para elaboração de laudo sobre o sítio, a Polícia Federal também encaminhou na última quinta-feira (12) um ofício ao CREA-SP (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado de São Paulo) pedindo a documentação referente a obras feitas no imóvel, tecnicamente denominada ART (Anotação de Responsabilidade Técnica).

Em abril, a revista "Veja" publicou a informação de que o ex-presidente da OAS Léo Pinheiro, então preso na Operação Lava Jato, realizou uma reforma no sítio de Atibaia a pedido de Lula, seu amigo.

Posteriormente Pinheiro foi solto por decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) para se defender em liberdade e em seguida foi condenado a 16 anos de prisão pelo juiz federal Sergio Moro.

De acordo com a revista, o ex-presidente costuma pescar na propriedade rural.

Atribuindo as informações a anotações feitas por Pinheiro no Complexo Médico Penal, em Curitiba, a revista afirma que as obras foram realizadas no primeiro semestre de 2011 e incluíram a reforma completa de duas casas, a construção de um pavilhão e de área para churrasqueira, a ampliação de uma piscina e a instalação de um campo de futebol, além da transformação de um antigo lago em tanques de peixe.

A publicação afirmou, na ocasião, que os operários trabalharam em turnos de dia e noite, incluindo finais de semana, para acelerar a conclusão das obras e receberiam seus pagamentos em dinheiro vivo. Os trabalhos teriam sido coordenados pelo arquiteto Igenes Irigaray Neto, que, ainda segundo "Veja", teria sido indicado pelo empresário José Carlos Bumlai, outro amigo de Lula.

De acordo com a "Veja", as anotações do empreiteiro à época seriam o esboço de um possível acordo de delação premiada, o que não foi formalizado até hoje.

PERÍCIA

Na perícia que envolverá o sítio a PF também vai analisar contratos da OAS com a Petrobras de 2004 a 2014 e as transações financeiras entre a empreiteira e agentes públicos e partidos políticos nesse período, com base em quebra de sigilo fiscal e bancário. O objetivo é descobrir eventuais operações de lavagem de dinheiro no âmbito da Operação Lava Jato.

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