'O candidato do PSDB à prefeitura é o do Alckmin', diz Mario Covas Neto


Elvis Pereira - Folha.com

Felipe Gabriel/Folhapress 
Mario Covas Neto, presidente do diretório municipal do PSDB, em seu gabinete na Câmara, no centro paulistano 

Mario Covas Neto, 56, trabalha há pouco mais de dez dias sob os olhares de uma versão reduzida do pixuleco, o boneco inflável com a imagem do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Ele só presta atenção, mas não lembra de nada", brinca o tucano, na sala 505 da Câmara Municipal, no centro.

O boneco simboliza a rejeição ao PT, sentimento que, na avaliação do vereador e presidente do diretório municipal do PSDB, deve impulsionar as chances dos tucanos na disputa pela prefeitura no ano que vem.

O vereador, filho do governador Mario Covas [1930-2001], participa do acirrado processo de escolha do futuro candidato do PSDB, cujo nome pode ser definido em abril de 2016.

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sãopaulo – O processo de escolha do candidato à prefeitura é um dos mais acirrados na história do partido na cidade?
Mario Covas Neto – Acho que sim, mas há duas razões. A primeira é o fato de o PT estar desgastado e o PSDB ser considerado o antagonismo ao PT. Então, passa a ser o PSDB um partido com uma chance grande de ganhar a eleição. O outro lado é o fato de que nós, hoje, não temos um candidato natural, que desponta inicialmente nas pesquisas como competitivo do ponto de vista eleitoral. O PSDB teve desde a sua criação —você tira a campanha com o Fabio Feldman— o José Serra ou o Geraldo Alckmin. Será a primeira vez que teremos um candidato que não é nenhum dos dois. Isso faz com que um grande número de pretendentes apareça. Aí gera esse tipo de "disputa".

Essa disputa resulta principalmente desse processo de desgaste do PT?
Na última eleição, apesar de a Dilma ter vencido, aqui em São Paulo o resultado não foi bom para o PT. E o PSDB teve 1 milhão de votos de legenda. Também acredito que a gestão Haddad é muito criticada, independentemente do PT. Esses fatores levam o PSDB a ter essa possibilidade [de ganhar], ainda que não tenha um nome forte inicialmente. Agora, na hora em que o candidato for anunciado como sendo o do governador Alckmin, do José Serra, do Aloysio Nunes, do Fernando Henrique, do Aécio Neves, ele ganha força.

Algum nome terá a bênção de todos?
Não sei... É possível? Claro que é. Aconteceu em todas as outras eleições. Sempre foram o Serra e o Geraldo. Antes da eleição, sempre ficou essa impressão de que sendo um o outro não apoiaria. No final, houve convergência. Na última eleição foi assim. Havia prévias e, ao final, quem trouxe o Serra para ser candidato foi o Alckmin. Se me perguntar agora "que nome seria esse?", não tenho a menor ideia. Aí é uma conjugação de esforço coletivo. Diria mais: a grande chance de o PSDB ganhar é estar unido.

Está unido?
Ainda não foi definido o candidato. Enquanto se está num processo interno de disputa é natural que haja pontos de vista diferentes. Depois que esse processo se consolidar, aí pode avaliar se há unidade ou não. O que espero e desejo é que aconteça, independentemente de quem seja o candidato. A união do PSDB é fundamental para ganhar a eleição.

A bancada do PSDB na Câmara soltou uma nota de apoio ao sr. na condução do processo de escolha do candidato. Está sob pressão?
Fizemos um planejamento de como se daria o processo de prévias. Inscreveram-se João Dória e Andrea Matarazzo. Outros pretendentes falaram pelos jornais, mas não fizeram. Pessoas insatisfeitas com essas duas opções começaram a pressionar para que o prazo se estendesse. A ideia era inscrição até começo de outubro, todo o processo interno de prévias ao longo de novembro e dezembro e as prévias no final do ano, começo do ano que vem. Acontece que as pressões para que fossem adiadas essas coisas foram de tal grandeza que os dois toparam que se adiassem as inscrições. À parte disso, o diretório estadual estabeleceu uma regra pela qual o municipal diz como tem de ser feito, mas tem de ser referendado e aprovado pela executiva estadual. Em paralelo, a Dilma sancionou uma mudança na legislação eleitoral que muda todo o quadro. Aquele prazo de um ano de filiação [antes da eleição] diminuiu para seis meses. Hoje, a tendência é as prévias acontecerem em março ou abril.

Não pode prejudicar o partido apresentar um nome muito tarde?
Na minha visão, sim. Estamos a 12 meses da eleição, mas quando virar o ano vai se começar a falar das campanhas. Era o momento adequado de ter o candidato. Ir para abril prejudica? Sim. Inviabiliza? Não.

Essa mudança abre a possibilidade de o Alexandre de Moraes, secretário de Segurança, migrar para o PSDB e ser candidato?
Acho pouco provável... Acho o seguinte: se o governador disser "o meu candidato é o João da Silva", provavelmente esse será o candidato do PSDB.

Então a palavra final será dele?
Não é a palavra final... Se ele falar isso, o candidato é o candidato dele. Hoje, ele é o maior eleitor do partido. É que não vejo ele assumindo essa posição. Se ele assumir, não tenho dúvida. Tudo estaria resolvido. Tem desgaste a partir daí? Tem o de ele escolher alguém que eventualmente não ganhe e o de preterir aqueles que já se colocaram.

O apoio do Serra, do Aécio ou do FHC não tem a mesma força?
O Matarazzo recebeu o apoio do Fernando Henrique, do Alberto Goldman [ex-governador paulista], do Aloysio, do Serra, figuras importantes do partido. Mas isso não foi suficiente para ele se tornar o candidato. E não é mesmo. Não quero comparar importância política, mas quem está no exercício do governo do Estado é o Geraldo e ele acaba sendo um eleitor superimportante.

Mas esperar a palavra do governador não enfraquece as prévias?
Se o governador falar, duvido que tenham prévias. A palavra dele implicará uma convergência ao redor do nome.

O Dória e o Matarazzo confirmaram a pré-candidatura. Quem são os outros nomes que mostraram o desejo de concorrer à prefeitura?
Vários falam. Alguns não falam, mas desejam. O Ricardo Trípoli e o Bruno Covas manifestaram o interesse, apesar de não terem feito a inscrição. O José Anibal [senador suplente] não mostrou interesse, mas muitas vezes tentou, então diria que é um nome natural como pretendente. Aí há alguns que são lembrados, como o Fernando Capez, presidente da Assembleia. Já vi até o Pedro Tobias falando do Coronel Telhada, o que me parece fora de propósito. O Ramalho [deputado estadual], ligado à construção civil, também foi falado. O Floriano Pesaro, hoje secretário [Desenvolvimento Social], também é falado. O próprio Alexandre [de Moraes]... Já ouvi falar no David Uip [secretário da Saúde].


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