Governadores do PSDB criticam aumento de impostos proposto pelo governo


Tucanos se reuniram nesta terça-feira, 22, na capital paulista e não pouparam a proposta encaminhada nesta tarde pelo governo ao Congresso

ANDRÉ ÍTALO ROCHA, IGOR GADELHA E PEDRO VENCESLAU - O ESTADO DE S. PAULO


Governadores tucanos, reunidos, nesta terça-feira, 22, em São Paulo, criticaram o aumento de impostos proposto pelo governo federal para cobrir o déficit de R$ 30,5 bilhões do Orçamento de 2016. "Não adianta subir imposto, porque você resolve um déficit de R$ 30 bilhões agora, mas depois aparece um déficit de R$ 100 bilhões, os problemas não se resolvem assim", disse o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), durante debate no Congresso Brasil Competitivo, organizado pelo Movimento Brasil Competitivo, do empresário Jorge Gerdau.

O governo apresentou nesta terça o pacote de medidas ficais anunciado na última semana. As propostas, publicadas nesta tarde em edição extra do Diário Oficial da União, serão encaminhadas para análise do Congresso. Entre as medidas, está o projeto que trata da reedição da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF). A medida foi enviada ao congresso em forma de Proposta de Emenda à Constituição (PEC), segundo publicação do Diário Oficial com a mensagem da presidente. 

Para Perillo, é preciso propor uma reforma da Previdência. "É preciso ter eficiência. Precisamos apresentar uma proposta para a questão da previdência. Qual é a idade certa para se aposentar? Está errado um policial se aposentar com 44, 45 anos", disse. "Além disso, eu sou contra a estabilidade no emprego público. Por que a iniciativa privada é mais eficiente? Porque o empresário não é obrigado a conviver com um empregado que não cumpre metas", criticou.

Estatais. O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), também disse que, em "momentos excepcionais", pode haver aumento de tributo, mas antes é preciso reduzir as despesas. "O governo precisa apresentar ajuste mais pelo lado da despesa", defendeu. De acordo com Alckmin, há espaço para corte de gastos. Ele ressaltou que, das 142 empresas estatais abertas no Brasil de 1808, 42 foram criadas nos últimos 12 anos, em governos do PT. Um exemplo de estatal que poderia ser fechada, citou, seria a do trem bala. "O trem bala não existe, mas a estatal do trem bala existe", afirmou.

Questionado sobre os movimentos de impeachment da presidente Dilma Rousseff, Alckmin foi cauteloso. Segundo ele, o instrumento está previsto na Constituição Federal, mas só deve ser usado "quando se prova que houve rompimento constitucional". "A prioridade deve ser investigar e depois cumprir a Constituição. Nem começou a investigação do BNDES e dos fundos de pensão", afirmou. 

Investimentos. Já o governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), fez um apelo para que a confiança seja restaurada no País, principalmente por meio de dois fatores: o cumprimento de regras e a melhora da infraestrutura. "Sem isso, as medidas econômicas não terão efeito e os investidores não terão segurança para investir no Brasil", disse, no mesmo evento. 

O governador disse que os Estados têm encontrado dificuldades para se adaptar ao ajuste de contas. "Eu não conheço nenhum governador que não esteja perto do osso em relação a cortes, que não esteja buscando todas as formas de cortar, até mesmo onde não gostaríamos de estar cortando, como no ajuste de alíquotas", afirmou.

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