São Paulo tem a menor taxa de homicídios desde 2001


Segundo a Secretaria da Segurança Pública, assassinatos no Estado somam 9,25 casos para cada 100 mil habitantes. Avanço nos casos de assalto seguido de morte está concentrado no interior


BRUNO RIBEIRO E MARCO ANTÔNIO CARVALHO - O ESTADO DE S. PAULO


O número de furtos, roubos e homicídios caiu no Estado de São Paulo em julho, na comparação com o total de casos registrados no mesmo mês do ano anterior. Segundo a Secretaria da Segurança Pública, a taxa de homicídio no Estado está em 9,25 casos para cada 100 mil habitantes, a menor da série histórica, que começa em 2001. Mas o crime de latrocínio, assalto seguido de morte, subiu de 20 casos em julho do ano passado para 25 no último mês.

O aumento no registro de casos de latrocínios está concentrado no interior do Estado. Em julho do ano passado, nas cidades do interior haviam acontecido 5 casos; no mês passado, foram 15. “Já fizemos o mapeamento e o crescimento foi espalhado. Não foi em uma região concentrada”, afirmou o secretário de Estado da Segurança Pública, Alexandre de Moraes. Na capital, esse crime apresentou estabilidade: 7 casos em julho e 7 no mesmo mês do ano passado. Já na Grande São Paulo o movimento foi inverso, com queda de 9 ocorrências em 2014 para 4 no último mês. 

Os registros de homicídio doloso - com intenção de matar - caíram 17,5% na comparação com julho do ano passado, de 332 para 274 casos. No acumulado do ano, houve 2.204 relatos de assassinatos em São Paulo, número 12,4% menor do que as 2.517 mortes registradas entre janeiro e julho de 2014.

A queda no registro de homicídios se mantém em todas as regiões: capital, Grande São Paulo, litoral e interior. É uma situação diferente do que ocorre nos casos de roubo. Olhando para todo o Estado, as estatísticas de roubo mostram queda de 2,7%, passando de 25.911 ocorrências anotadas em julho do ano passado para 25.211.

Para o coronel reformado da PM José Vicente da Silva Filho, colunista da Rádio Estadão, embora o latrocínio seja um crime relacionado ao patrimônio - chamado pelos especialistas de “roubo que não deu certo” - não é possível fazer relação entre a queda de um e o crescimento de outro. “A experiência mostra que o crime de latrocínio não segue a mínima lógica”, diz. 

“Embora nos faltem pesquisas de vitimização, que mostram quantas pessoas de fato são roubadas, porque a maioria das pessoas não registra os roubos que sofreu, é possível estimarmos que ocorram 700 mil roubos por ano no Estado”, afirma o coronel. Com isso em mente, o latrocínio representa 0,03% do total. Ou seja: a chance de ser assaltado e sobreviver é de 99,7%. O latrocínio é uma casualidade”, diz. O especialista afirma ainda que as quedas seguidas dos casos de homicídio relatados são resultado de uma política que manteve constante os investimentos em formação de policiais e na obtenção de equipamentos.



Outros índices. Além do latrocínio, outro delito com registro de aumento foi o roubo a bancos, que teve três casos a mais em relação ao registrado em julho de 2014 (de 11 para 14 casos). O destaque é que, nesse tipo de crime, a tendência é de crescimento: nos sete primeiros meses do ano, foram 110 ocorrências, 10% a mais do que 0s 100 registros feitos entre janeiro e julho de 2014. Os três casos a mais deste mês foram todos na área da Grande São Paulo, na qual não havia acontecido crime do gênero em julho de 2014.

No caso dos roubos, delito que chegou a crescer por 19 meses consecutivos até o fim do ano passado, o total de registros feitos pela polícia teve queda de 2,4%, na comparação com julho de 2014. Foram 25.211 registros - ou duas queixas feitas à polícia a cada minuto. Março foi o único mês que registrou aumento de roubos neste ano. 

O comportamento do registro de casos de furto seguiu a mesma tendência, com uma oscilação negativa de 1,3% na comparação com o mesmo mês do ano passado. No acumulado do ano, entretanto, a queda é mais acentuada, indicando tendência de redução do delito.

Entre janeiro e julho deste ano, 287 mil cidadãos procuraram a polícia para informar o furto de um bem, número 7,12% menor do que o ocorrido nos sete primeiros meses do ano passado. O roubo de carros também continua em queda: 23,1% na comparação com julho passado, de 7.477 casos para 5.750. O mesmo ocorreu com os relatos de furto de veículos. O índice mantém porcentuais seguidos de queda há oito meses - 9.261 carros foram furtados em julho.

Capital. Na cidade de São Paulo, embora homicídios, roubos e furtos tenham seguido os indicadores do Estado, houve registro de aumento de estupro, de 169 casos em julho do ano passado para 189 no último mês (mais 11,83%).

“Estamos mapeando esses casos. É um crime silencioso e hediondo, mas de difícil prevenção, uma vez que, muitas vezes, acontece dentro de casa”, disse o secretário Moraes. No ano, 1.223 pessoas foram estupradas na cidade, ante 1.382 entre janeiro e julho do ano passado. 

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