PSDB fará campanha de filiação às vésperas do protesto contra Dilma


Mariana Haubert - Folha.com


O PSDB irá fazer uma campanha de filiação ao partido às vésperas dos protestos contra o governo Dilma Rousseff marcados para o domingo (16).

O ato tucano, previsto para acontecer nesta sexta-feira (14) em algumas capitais do país, será focado principalmente nos jovens e servirá como uma prévia da sigla para a convocação da população às manifestações.

"Enquanto nosso principal adversário, o PT, se esconde da sociedade brasileira, nós vamos conversar com a sociedade. É hora de haver um encontro entre a insatisfação generalizada no país e a política representativa até para que possa haver um desfecho adequado para essa gravíssima crise que o Brasil está mergulhado e um desfecho que respeite as regras constitucionais", afirmou o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG).

Na sexta, ele participará pela manhã do evento de filiação em Maceió (AL), que será transmitido por teleconferência para os demais atos espalhados pelo país.

Em reunião nesta terça (11) com os 27 presidentes regionais do PSDB, Aécio pediu empenho no chamamento da população às ruas e cautela para que não partidarizem os protestos.

"[Aécio quer] Que o partido ajude a mobilizar, que os militantes estejam nas ruas, e que os parlamentares se somem a eles mas nada de subir em palanque, nada de dar margem a qualquer especulação de que estamos partidarizando", disse o deputado federal Otávio Leite (PSDB-RJ).

Criticado por não ter participado de outras manifestações anti-Dilma, Aécio afirmou que ainda não decidiu se participará dos atos de domingo –seu temor é personalizar a participação, já que representa o maior partido de oposição.

O tucano ainda minimizou ainda as declarações do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, que evitou nesta segunda (10) se posicionar favoravelmente à saída da presidente. Perguntado sobre o que acha melhor para o Brasil -cassação, renúncia ou continuidade-, Alckmin afirmou que "não devemos tirar o foco da investigação" do escândalo na Petrobras.

Na semana passada, um grupo de parlamentares ligados a Aécio defendeu novas eleições como uma solução para recuperar a estabilidade do país. Para eles, a pressão popular pode ser capaz de levar a uma renúncia de Dilma e do vice-presidente Michel Temer.

"Essas divergências em relação ao que pensa o Alckmin, até Serra [senador José Serra] e Aécio, vejo na imprensa, não nas nossas conversas. Não cabe ao PSDB se essa ou aquela é a melhor saída. Cabe ao PSDB dizer quais são as alternativas possíveis, inclusive a da própria permanência da presidente. Se ela readquirir as condições de governabilidade –muitos dos seus aliados acham que isso não é mais possível– existem saídas via parlamento, a partir de decisão do TCU e via TSE. Todas elas dentro da ordem constitucional", disse Aécio.

'VALE TUDO'

O senador também rebateu a acusação de Dilma de que as oposições no país fazem um "vale-tudo" para atingir "qualquer governo". Para ele, quem fez um "vale-tudo" foi a presidente e o PT ao usar "de todos os instrumentos à sua disposição, alguns lícitos e outros não, para vencer as eleições".

"O Brasil assistiu em 2014 o maior vale-tudo da nossa história, com empresas públicas se subordinando ao interesse da candidatura presidencial, a mentira, o engodo, o falseamento de números e a demora de tomada de medidas de interesse da população para exclusivamente vencer as eleições. Quem não pensou primeiro no Brasil foi a presidente da República e o seu partido que pensaram exclusivamente nas eleições e a conta agora chega muito salgada", disse.

Nesta segunda, ao participar da entrega de moradias do programa Minha Casa Minha Vida em São Luís (MA), Dilma afirmou que é preciso pensar "primeiro no Brasil" para que o país atravesse as graves crises política e econômica que enfrenta, antes dar prioridade a partidos e projetos pessoais.

"Quero fazer um apelo. Vamos repudiar sistematicamente o vale-tudo para atingir qualquer governo, seja federal, estadual ou municipal", disse a presidente.

O senador replicou: "Se tem alguém que não priorizou os interesses do Brasil foi a presidente e seu partido", disse.

PROCURADOR-GERAL

Aécio ainda comentou a recondução do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ao cargo, que ele, será aprovada com "relativa tranquilidade" pelo Senado.

O nome de Janot foi oficializado por Dilma no sábado (8). O procurador agora será sabatinado pela Comissão de Constituição e Justiça do Senado. Se for aprovado pelo colegiado, deverá passar por votação em plenário, onde precisa da aprovação de 41 dos 81 senadores para ser reconduzido.

Janot deve encaminhar ao Supremo Tribunal Federal, a partir do dia 17, as primeiras denúncias contra políticos investigados por suspeitas de participação no esquema de corrupção da Petrobras.

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