PDT anuncia saída da base do governo federal na Câmara dos Deputados


Débora Álvares e Gustavo Uribe - Folha.com


Após o rompimento do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) com o governo, agora foi a vez do PDT anunciar a saída de seus deputados da base aliada.

Em discurso no plenário, na noite desta quarta-feira (5), o líder da bancada do PDT na Câmara, André Figueiredo (CE) comunicou o rompimento. O partido tem 19 deputados e, desde o início da votação do ajuste fiscal, tem sido acusado pelos governista de ser um dos responsáveis pelas derrotas no plenário. De acordo com Figueiredo, os deputados não vão adotar uma postura oposicionista, mas sim "independente".

A decisão vem sendo discutida há meses, mas a gota d'água foi o tratamento da liderança do governo federal à bancada pedetista nas discussões da votação da PEC 443, que reajusta salários da AGU (Advocacia Geral da União).

Nesta terça-feira (4), após a derrota do governo no plenário, quando não conseguiu adiar a votação da PEC da AGU, o líder do governo, José Guimarães (PT-PE), chamou os integrantes da base que não votaram com o governo de "traidores".

"Ou é base ou oposição. Tem ministério, mas vota contra o governo no parlamento. Isso não pode existir", afirmou.

"O clima tem sido tenso. Eu sempre ressalto a disposição ao diálogo, mas o tratamento dado está nos constrangendo", relatou o líder do PDT. "Somos chamados de infiéis. É uma acusação que temos ouvido de forma infundada", completou.

No papel, o governo federal contava com o apoio de 21 partidos (PDT incluso), que somam 364 das 513 cadeiras da Câmara. Na prática, porém, a base de Dilma Rousseff tem se mostrado bem menor e bastante instável.

De acordo com Figueiredo, a decisão de deixar a base já foi comunicada ao presidente do partido, Carlos Lupi, e ao ministro do Trabalho, Manoel Dias.

O deputado relatou que a deliberação foi aprovada por Lupi, que foi ministro do Trabalho e acabou limado da Esplanada dos Ministérios na faxina promovida pela presidente Dilma Rousseff no primeiro ano de mandato, em 2011.


DR

Procurado pela Folha, Lupi reconheceu que o PDT passa por uma "DR" com o governo federal, ou seja, estão discutindo a relação.

Segundo ele, a saída da base aliada não significa, pelo menos por enquanto, um rompimento com o governo federal. Ele não descartou, contudo, que ele possa ocorrer no futuro.

"Nós estamos acompanhando o atual momento. Não é um rompimento com o governo federal. Neste momento, ainda não", afirmou.

A bancada do PDT na Câmara dos Deputados se reunirá com os senadores do partido nesta quinta-feira (6) para definir os próximos passos.

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