PMDB quer revisão de acordo com Haddad


Gustavo Uribe - Folha.com


Em mais um indicativo da crise na base aliada do governo federal, o PMDB tem pressionado o vice-presidente Michel Temer a reavaliar acordo com o PT em São Paulo e não apoiar a reeleição do prefeito Fernando Haddad na disputa do ano que vem.

A investida tem partido principalmente da cúpula estadual do PMDB em São Paulo e tem apoio nas bancadas da sigla no Senado Federal e na Câmara dos Deputados.

A avaliação apresentada ao vice-presidente em conversas recentes é de que o apoio à candidatura do petista poderá representar um "suicídio político" do PMDB no maior colégio eleitoral do país.

O receio é de que a atual rejeição ao PT em São Paulo possa prejudicar eleitoralmente a legenda em 2016, refletindo na diminuição do número de vereadores e prefeitos eleitos no Estado.

Na eleição passada, o partido conquistou o comando de 89 prefeituras paulistas, ficando à frente do PT (68) e atrás apenas do PSDB (174).

Para evitar uma perda de poder, peemedebistas têm pressionado o vice-presidente a recuar em acordo firmado no início do ano com o ex-presidente Lula, no qual PT e PMDB formariam uma dobradinha na capital paulista.

RECUO

Em resposta às investidas, Temer tem dito que ainda é cedo para se tomar uma decisão e que é necessário aguardar a consolidação do quadro eleitoral. Segundo relatos, contudo, ele não tem descartado a hipótese de um recuo.

Prova disso é de que, em menos de 30 dias, Temer reuniu-se com dois prováveis adversários de Haddad. Nas duas ocasiões, o quadro eleitoral na capital paulista em 2016 foi tema de discussão.

No final de junho, o vice-presidente teve encontro com o deputado federal e pré-candidato Celso Russomanno (PRB-SP), que demonstrou interesse em ter o PMDB como aliado na disputa municipal.

Na semana passada, o peemedebista recebeu a senadora Marta Suplicy (sem partido-SP), que pediu desfiliação do PT em abril.

A ex-prefeita de São Paulo, que vinha negociando a filiação ao PSB, passou recentemente a considerar a hipótese de ingressar no PMDB, sigla à qual seu marido, Márcio Toledo, é filiado.

No encontro, segundo relatos de peemedebistas, Marta indicou que se filiaria ao partido caso receba a garantia de que será candidata à prefeitura de São Paulo, mesmo que a legenda não deixe imediatamente a gestão municipal.

"Se for garantida a ela a candidatura em 2016, ela com certeza escolherá o PMDB para se filiar", disse um senador peemedebista que conversou com Marta na semana passada.

Atualmente, além da Controladoria Geral do Município, o PMDB comanda quatro pastas da gestão municipal, entre elas a secretaria da educação, que tem à frente o ex-deputado federal Gabriel Chalita (PMDB-SP).

Caso o partido recue no apoio à reeleição de Haddad, há peemedebistas paulistas que defendem também o lançamento da candidatura de Chalita. Na eleição passada, o secretário da educação ficou em quarto lugar, com 13,6% dos votos válidos.

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