Ex-ministro da Saúde, Alexandre Padilha, visitou Vargas para tratar de contrato


Estelita Hass Carazzai e Flávio Ferreira - Folha.com


O doleiro Alberto Youssef afirma que o ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha (PT) se encontrou com o então deputado André Vargas (ex-PT, sem partido), no apartamento funcional do parlamentar, para tratar de uma parceria da Labogen com a pasta.

A informação foi dada durante depoimento à Polícia Federal no final de março sobre o assunto, mas o caso só foi revelado agora.

Padilha, que concorreu ao governo paulista pelo PT e hoje é secretário municipal de Relações Governamentais de São Paulo, sempre negou que tenha atuado para favorecer a empresa. À Folha disse que "não tem registro de qualquer encontro" na casa de Vargas para tratar do tema.

De acordo com Youssef, estiveram no apartamento de Vargas, além do deputado, Padilha, Pedro Argese (diretor-executivo da Labogen) e o próprio doleiro. O encontro teria ocorrido em 2013. O doleiro não precisou a data.

Vargas foi preso preventivamente nesta sexta-feira (10) na Operação Lava Jato. Uma das acusações que pesa contra ele é de ter atuado politicamente para viabilizar o contrato milionário da Labogen com o Ministério da Saúde, mesmo sem a empresa possuir as autorizações necessárias para o serviço.

A previsão era que a Labogen arrecadasse R$ 135 milhões por ano, em cinco anos, para fornecer um medicamento ao ministério. Um termo de intenções foi assinado no final de 2013, mas o serviço não chegou a ser prestado.

Segundo Youssef, o ministro disse, durante o encontro no apartamento de Vargas, que iria encaminhar os representantes da Labogen a Eduardo Jorge Valadares Oliveira. Ele era diretor do departamento do Complexo Industrial e Inovação em Saúde, responsável pela parceria.

Foi Jorge quem indicou a Labogen para o serviço, segundo relatos colhidos pela PF. Após as investigações da Lava Jato virem à tona, a parceria foi suspensa, antes que se iniciasse a produção.

Para o Ministério Público Federal, "os elementos probatórios indicam que a indicação da Labogen para firmar a parceria com o Ministério da Saúde foi eminentemente política, e não técnica".

O juiz Sergio Moro, em despacho que autoriza a prisão preventiva de Vargas, também afirmou, sobre o contrato, que "a explicação disponível é que isso [a parceria] ocorreu somente pela intervenção intensa do então deputado federal André Vargas junto ao Ministério da Saúde".

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