Doleiro diz que Lula e Dilma sabiam de corrupção na Petrobras


Folha.com


O doleiro Alberto Youssef, preso desde março em Curitiba (PR), disse em depoimento à Polícia Federal e ao Ministério Público Federal que a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula tinham conhecimento do esquema de desvio de dinheiro na Petrobras, de acordo com reportagem publicada pela "Veja".

Segundo a revista, que adiantou sua publicação para esta sexta, o doleiro –que fez um acordo de delação premiada com as autoridades para tentar reduzir as penas a que está sujeito pela participação no esquema– disse na última terça-feira (21) ao delegado que presidia o interrogatório que o Planalto sabia de tudo que acontecia na estatal. "Mas quem no Planalto", teria perguntado o delegado, de acordo com o relato da revista. "Lula e Dilma", teria respondido Youssef.

Ainda de acordo com a revista, o então presidente da Petrobras José Sergio Gabrielli determinou a Youssef que coletasse com as empreiteiras que participavam do esquema R$ 1 milhão para repassar a uma agência de publicidade que prestava serviços para a estatal. De acordo com o depoimento de Youssef relatado pela "Veja", a agência estava insatisfeita porque teria pago propina a políticos, mas ainda assim seu contrato foi rescindido. O dinheiro das empreiteiras serviu, segundo a reportagem, para comprar o silêncio da agência de publicidade.

No depoimento de terça-feira (21), diz a revista, Youssef declarou que tem documentos que comprovariam dois depósitos para o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto. As provas desses e de outros pagamentos estariam entre mais de 10 mil notas fiscais que podem ser apresentadas como evidências. Os repasses teriam sido feitos a partir de transações simuladas entre uma empresa de Youssef e uma companhia de fachada criada pelo tesoureiro.

Nesta quinta-feira (23), o advogado Haroldo Nater, que defende Leonardo Meirelles, afirmou que Youssef está fazendo uma "delação premiada seletiva", na qual não revela tudo o que sabe. O advogado informou à Justiça Federal que seu cliente aceita uma acareação com Youssef.

Meirelles diz ter sido laranja do doleiro ao ceder empresas para ele fazer remessas ao exterior, como o laboratório Labogen. O principal ponto de discórdia entre os dois é se o doleiro atendeu ou não políticos do PSDB. O advogado de Youssef, Antonio Augusto Figueiredo Basto, diz que seu cliente jamais fez operações para tucanos.

Já Meirelles diz ter ouvido o nome de Sérgio Guerra em conversa telefônica do doleiro. Ele conta também que o doleiro citou outro político tucano do Paraná. Meirelles foi advertido pelo juiz Sergio Moro para não revelar o nome do segundo político do PSDB em audiência nesta segunda-feira (20) porque parlamentares só podem ser investigados pelo Supremo Tribunal Federal.

De acordo com a PF, uma "organização criminosa" atuava dentro da Petrobras. O esquema teria movimentado R$ 10 bilhões. Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, havia revelado em depoimento ao Judiciário que 3% do valor dos contratos da estatal com empreiteiras eramdivididos entre o PT, o PMDB e o PP –partidos responsáveis pelas indicações dos membros da diretoria.

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