Ibope: Estratégia de vitimização voltou-se contra Marina


Cristiane Agostine - Valor

A estratégia de vitimização, usada pela campanha Marina Silva (PSB) na defesa contra os ataques dos adversários na disputa pela Presidência, voltou-se contra a própria candidata. A análise é do diretor do Ibope Hélio Gastaldi, responsável pela unidade de Opinião, Política e Comunicação do instituto de pesquisas. Em um mês, a rejeição de Marina dobrou.

Agora, além de driblar as críticas dos oponentes, Marina terá de mostrar firmeza para tentar passar mais credibilidade como candidata a presidente, disse Gastaldi ao Valor Pro, serviço de notícias em tempo real do Valor.

“O aumento da rejeição de Marina já era esperado. Em um primeiro momento, só os pontos positivos foram exibidos e depois ela ficou envolvida em uma agenda negativa. Mas a estratégia de vitimização teve efeito contrário”, afirmou o diretor do Ibope. “Agora ela terá de correr atrás do prejuízo, já que perdeu a chance de mostrar firmeza. Ao se fazer de vítima e mostrar ingenuidade aos ataques das outras campanhas, ela perde a credibilidade”, analisou. 

A estratégia de Marina foi uma resposta à campanha do medo, usada pela candidatura de Dilma Rousseff. Segundo o diretor do Ibope, essa estratégia petista teve impacto na candidatura do PSB e ajudou a aumentar a rejeição da candidata. “Mas não deve surtir mais efeito na campanha”, disse.

Segundo pesquisa Datafolha divulgada hoje, a rejeição de Marina é de 22%, maior do que a de Aécio, com 21%. A rejeição de Dilma é de 33%. Há um mês, na pesquisa realizada entre os dias 14 e 15 de agosto, a rejeição de Marina era de 11%; a de Aécio era 18% e Dilma, 34%.

Para Gastaldi, se o primeiro turno demorasse mais algumas semanas — e não se realizasse dentro de suas semanas — as intenções de voto em Marina teriam uma redução significativa. “O voto dela é o mais volátil. É um voto do momento. Se a campanha tivesse uma duração maior, Marina teria mais a perder do que ganhar”, afirmou. Nesse mesmo cenário, o candidato do PSDB, Aécio Neves, em terceiro lugar nas pesquisas, poderia resgatar parte das intenções de votos, que migrou em sua maioria para a candidata do PSB. 

Um dos principais problemas enfrentados pela candidatura tucana, disse Gastaldi, é o fato de o presidenciável ter começado a campanha com um alto nível de desconhecimento nacional. “Muitos dos eleitores que votariam no Aécio viram Marina com mais chance de tirar o PT do poder e transferiram a intenção de voto”, afirmou. “Se o calendário eleitoral fosse outro, Aécio teria condição de crescimento”. 

Na análise do diretor do Ibope, o cenário eleitoral está estável e deve manter o atual quadro, com a presidente Dilma na liderança, seguida por Marina. As duas candidatas devem disputar um provável segundo turno e a tendência, “pelo histórico das pesquisas”, é que tenha uma “sutil ampliação” da diferença entre as duas candidatas. Segundo a pesquisa divulgada hoje pelo Datafolha, Dilma tem 37% e Marina, 30%. Já Aécio tem 17%.

Gastaldi afirmou que a intenção de voto dos candidatos tende a oscilar, mas sem mudanças significativas. “Não é esperada nenhuma grande movimentação no cenário eleitoral”, disse. “O cenário é estável”.

Apesar do aumento da rejeição de Marina, a candidata do PSB tem a melhor imagem entre os principais presidenciáveis nas redes sociais, de acordo com análise feita pelo Pollitics, uma ferramenta do Ibope que monitora os c omentários sobre os candidatos nas redes sociais. Dilma está em segundo lugar na contagem dos comentários positivos publicados na internet e Aécio, em terceiro. 

Segundo o estudo, os comentários no Twitter sobre as eleições cresceram 115% da primeira semana de julho até a primeira semana de setembro, de 249 mil postagens para 536 mil. 


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